Empreender sempre foi um sonho para mim, e eu sabia que era a minha única chance de mudar minha vida.
Eu sempre fui uma grande observadora, e desde a adolescência analisava as pessoas que “deram certo” na vida. Dentre essas pessoas, eu pude notar vários padrões semelhantes, mas os que eram mais frequentes, na minha visão de adolescente, apontavam para aquelas que eram muito estudiosas, pessoas que tinham apoio dos familiares e que tinham uma grande necessidade na vida. Eu certamente faço parte do grupo que tinha uma grande necessidade. Por isso comecei a minha carreira profissional muito nova, aos quinze anos, como vendedora, para ajudar em casa.
Ainda me lembro como se fosse hoje o dia em que eu decidi empreender, vou contar para vocês de onde tirei minha grande motivação. Eu tinha 16 anos e estava sentada na porta de um hospital público, aguardando notícias da minha mãe que tinha sofrido um AVC. Ela tinha acabado de fazer 41 anos, e eu me via ali de mãos atadas… Um desespero que tomava conta de mim… Afinal, ela tinha me criado sozinha e eu tinha um irmão de apenas 3 anos, éramos só nós três e se ela se fosse, seria só eu e ele.
Naquela tarde de verão, onde a chuva começava a apontar no céu, eu fiquei horas pensando em como poderia pagar um plano de saúde para minha mãe, que já tinha uma saúde bem debilitada. Dentre todas os meus planos, o que parecia mais alcançável era criar meu próprio emprego, até porque jovem, sem muito estudo, sem dinheiro e sem apoio financeiro, minha única opção era dar certo. Afinal qual motivação maior eu teria, além de poder ajudar a mulher que me deu a vida?
Desde então, comecei, desenfreadamente, a buscar uma forma de poder pagar um bom plano de saúde para ela. Comecei a empreender aos 17 anos. Montei uma papelaria, bazar e armarinho de bairro. Ainda me lembro o quanto era difícil ficar o dia todo para vender às vezes um lápis, ou às vezes fechar a loja zerada. Quantas vezes eu tive vontade de desistir de tudo, quantas vezes achei que empreender não era para mim. Eu via pessoas perto de mim dando certo, e eu? Mas eu sabia que minha hora ia chegar um dia. Minha motivação para ajudar a minha mãe era grande demais.
Quando percebi que aquele bazar não ia dar certo, resolvi deixar tudo para trás e partir em busca de voos maiores. Montei mais um negócio, trabalhei no varejo e com atendimento publicitário, mas não adiantava, a vontade de empreender era muito forte em mim. Eu via oportunidades em todos os lugares, ficava tentando descobrir formas de resolver problemas até que um dia descobri a extensão de cílios. A essa altura eu já pagava um plano de saúde para a minha mãe, mas não era o que eu desejava para ela, queria poder ajudar mais.
E mais uma vez, lá estava ela, minha mãe como minha grande mola propulsora. Eu queria fazer algo para ajudá-la e, naquele momento, já queria ajudar mais pessoas. Comecei a pesquisar sobre extensão de cílios, era uma febre no mundo, muitas ferramentas seguras nos Estados Unidos e Coreia, mas aqui no Brasil as pessoas ainda faziam com palito. Uau! Eu só via oportunidades. Na época, pedi férias no meu emprego, fui para Houston, sem falar inglês, contratei uma tradução simultânea e “voilà”: eu me tornei a extensionista da Xuxa e tenho uma rede de franquias de extensão de cílios.
Isso realmente aconteceu, mas a história foi muiiiitoooo mais longa do que estou resumindo aqui.
O fato é que empreender parece fácil e até é. Hoje em dia existem muitas ferramentas, muita informação acessível. O difícil é se manter motivada, sempre que existe um obstáculo ou um desafio que faz você duvidar da sua própria capacidade.
Por isso, muitas vezes nós temos anjos na nossa vida disfarçados de grande necessidade ou familiares que precisam do nosso apoio. Pois muitas vezes somos vencidos pela nossa baixa autoconfiança e desistimos muito antes das coisas realmente darem certo. Hoje, minha mãe não está mais aqui, infelizmente, mas foi ela que me trouxe até aqui e agora empreendo por mim, pelos que me cercam e são impactados pela minha empresa. E pra sempre serei grata à minha mãe, pois sem ela teria desistido no primeiro pensamento de incapacidade.