Entendendo a micropigmentação como ferramenta de autoestima e bem-estar, Nah Roza, de 33 anos, transformou seu talento e determinação em uma história – maravilhosa – de sucesso e busca da perfeição
Karina Hollo (@karinahollo)
Nah Roza cresceu no salão de beleza da mãe, em Maringá, no Paraná. Lá, atendia como manicure, fazia cabelo, maquiagem e design de sobrancelhas. E para ajudar na renda da casa, também panfletava no semáforo, trabalhava de office girl, vendia roupas e revistinha de porta em porta. Ela conta que está há 21 anos na área da beleza, mas que só ingressou na micropigmentação em 2013. “Eu fazia design de sobrancelhas desde os 12 anos de idade. Naquele tempo, a pigmentação nas sobrancelhas era definitiva e eu não gostava do efeito. Então, fazia apenas henna e tintura”, lembra.
Mais velha, aos 26 anos, e separada há pouco tempo, tinha muitas dívidas e uma filha para sustentar. “Meus pais não tinham condições mas, mesmo assim, juntaram 3 mil reais para que eu fizesse um curso em micropigmentação de sobrancelhas. O objetivo sempre foi sustentar minha filha. Não queria continuar na casa dos meus pais e muito menos que ela crescesse em meio a dificuldades.” Nah focou e teve muita resiliência. O começo foi difícil, doloroso, não foi fácil sair da zona de conforto. “Lembro das inúmeras vezes que antes da cliente chegar, ia ao banheiro orar pedindo para que o Espírito Santo fosse comigo.
Até hoje medito durante os meus procedimentos, porque recuperar auto estima e abençoar as pessoas com a minha arte é o meu desejo.”
Do Direito para a Estética
Nah lembra que na época de prestar vestibular, pensava em fazer faculdade de estética, mas por ser nova, acabou seguindo o que os pais queriam: o curso de Direito. “ Eu me graduei e posteriormente fiz duas pós-graduações, entrei no mestrado e até trabalhava na área, mas a renda era baixa e o que eu ganhava apenas fazendo design em sobrancelhas em meus horários livres acabava sendo bem mais que o salário piso de uma advogada no início de carreira. Por esse motivo, resolvi optar por uma renda extra com o curso de micropigmentação.”
No primeiro mês, faturou 3 mil reais, o que a animou muito e a motivou a focar e se dedicar. Não se conformava com resultados de cores e muito menos um fio sequer que não ficasse perfeito. “Ingressei com o Tebori e, mesmo com todo tabu que circula contra ele, superei as possibilidades de intercorrências com muito treino diário. Com qualquer indutor, seja o manual ou o elétrico, o bom resultado depende da habilidade do profissional que o manuseia. Hoje faço todas as técnicas com o Tebori: sobrancelhas, olhos e lábios. Em alguns casos, faço uma técnica híbrida com o indutor elétrico”, conta. E não parou de estudar. Todos os anos, participa de cursos e congressos nacionais e internacionais para se atualizar.
Delicadeza como diferencial
Nah é especialista em fazer fios delicados em uma trama realista. “As loiras ou as mulheres de sobrancelhas claras são as que se destacam no meu portfólio. Independemente da cliente, meu foco é ter resultado cicatrizado em excelência e acima de tudo com naturalidade.” Ela conta que seu diferencial é trabalhar mil por cento no bem-estar da cliente, desde o primeiro momento em que ela coloca os pés na clínica. “O meu lema é atender de forma humanizada, ser sensível ao que a cliente busca e franca alinhando expectativas com a realidade. Tenho em mente que restauro autoestima. Então, pode ser a primeira ou a última cliente do dia, sempre atendo da mesma forma, com a mesma energia.”
A micropigmentação na rotina de beleza da brasileira
Hoje, Nah atende em torno de 15 clientes por dia. As colaboradoras do time também estão com esse fluxo. Com isso, dá para perceber a necessidade que das brasileiras buscam beleza com praticidade. “Sabemos que a micropigmentação veio para ficar. A grande maioria das mulheres de todas as idades fazem, justamente pela naturalidade, pelo realismo e, acima de tudo, pela praticidade para a mulher que é mãe, esposa, dona de casa, trabalhadora. Falta de tempo e acordar pronta é tudo que ela precisa.”
Nah analisa que imagem que a mulher tem dela mesma é muito importante para o desenvolvimento do seu bem-estar e, consequentemente, do seu dia a dia. “Um dos pontos essenciais para produtividade em qualquer área da vida é a autoestima. A micropigmentação traz essa sensação de poder, de beleza natural e, como consequência, a mulher se sente empoderada, o que aumentará o ânimo e a disposição para o trabalho, para o lazer, para a família.”
O futuro da micropigmentação
O mercado tem evoluído muito ao longo desses anos. E vem mais por aí. Nah aposta que daqui a 10 anos (ou bem antes), teremos pigmentos e produtos que entreguem um melhor resultado cicatrizado. Observa também que a retirada desses procedimentos ultrapassados está cada vez mais comum. “Recebo em torno de 40 clientes de remoção de semanalmente. O pensamento é sobre evolução em direção ao realismo e à naturalidade. Nada de pigmentos permanentes, nem fios marcados e muito menos técnicas chapadas. O pensamento é que a cliente volte a cada 6 meses sem pigmento residual.”
Hoje, tem 9 colaboradores e pretende expandir. “Quero que as profissionais que estão comigo desde o começo cresçam ainda mais e sejam líderes nessa nova clinica de beleza, bem-estar e micropigmentação. Quero agrupar tudo que a cliente precisa para sentir-se maravilhosa.”
Quem faz o bem, recebe o bem
Nah tem um projeto chamado Abençoar, pro bono, no qual atende clientes com alopecia, bem como mulheres que passaram por quimioterapia e perderam todos seus pelos. “Tenho sonho em ampliar o projeto social para a parte de cursos, seria uma escola de preparação de jovens e mulheres em situação de vulnerabilidade.”