E a Estética só tem a ganhar com isso! Prova disso é que eles foram tema de destaque absoluto em congressos e feiras nacionais e internacionais e já integram formulações brasileiras de cosméticos para a pele e para o cabelo. Há quem diga que são o primeiro passo para a revolução de tudo o que conhecemos sobre tratamentos estéticos e capilares. Interessadas (os)?
Deise Garcia @deisegarcia e Monica Kato @mokato
Bastou um passeio breve pelos corredores do ESTÉTICA IN SÃO PAULO, maior evento do setor nas Américas, para percebermos que uma, duas, três, inúmeras empresas já exibiam orgulhosas novidades que traziam em suas formulações os elemento-estrela do momento: exossomos. Em uma definição enxuta e livre de muito cientifiquês, eles atuam como uma rede inteligente de comunicadores entre células e, por isso, têm a capacidade de informar falhas que precisam ser resolvidas e necessidades que precisam ser supridas. Como se fossem poderosos scanners, eles conseguem “ver” a fundo e agir exatamente sobre o que precisa de atenção.
Segundo experts e empresários do setor, é simplesmente uma descoberta científica revolucionária e muda a forma como entendemos todo o processo celular.
Vale lembrar que não é de hoje que vemos esse cruzamento de áreas – estética “bebendo” da fonte da medicina e vice-versa, capilar utilizando ativos e protocolos de skincare e vice-versa e por aí vai. Dito isso, é preciso destacar que a pesquisa sobre os exossomos está diretamente ligada com a Medicina Regenerativa – área relativamente nova que busca reparar, regenerar ou substituir células, órgãos e tecidos lesados utilizando princípios do conhecimento básico sobre a biologia das células-tronco, engenharia de órgãos e tecidos e tecnologia.
Conhecendo os novos amigos da Estética
Depois da primeira explicação enxuta, é a vez da mais científica: “Exossomos ou exossomas são células responsáveis pela comunicação entre uma célula-tronco e outra, tal qual uma corrente elétrica, por meio de liberação de líquidos dessas vesículas. Neste ambiente temos o RNA mensageiro, que leva informação de uma célula para outra”, explica a Dra. Joyce Rodrigues, que lançou recentemente – em concorrido evento – vários produtos com exossomos.
E como isso ajuda? Acontece que a comunicação eficiente garante que os exossomos consigam provocar a ativação celular, ‘despertando’ células que estavam ‘em pausa’ e fazendo-as voltarem a trabalhar direito. “O exossomo é como se fosse uma IA (Inteligência Artificial) do cosmético, porque consegue identificar o que anda falhando e deixar o organismo inteligente para atuar em várias frentes”, explicou Joyce Rodrigues no lançamento.
Mensageiro eficiente
A Dra. Fernanda Cassain, médica formada pela Unicamp e pós-graduada em dermatologia, explica essa tecnologia. “Os exossomos são pequenas vesículas extracelulares que desempenham um papel crucial na comunicação entre as células do corpo. Transportando uma variedade de componentes bioativos, como proteínas, lipídios e RNA, essas cápsulas de comunicação têm mostrado promessas significativas na regeneração tecidual, combate ao envelhecimento precoce e tratamento de condições inflamatórias da pele.”
Dra. Fernanda destaca que os exossomos oferecem benefícios notáveis, especialmente na promoção da regeneração da pele danificada pelo sol, poluição e outros fatores ambientais. Além disso, ela ressalta o potencial dessas minúsculas vesículas em procedimentos estéticos, como preenchimento facial e rejuvenescimento dérmico, onde estimulam a produção de colágeno e elastina, resultando em uma aparência mais jovem e firme.
Trocando em miúdos, os exossomos possuem várias informações biológicas, como material genético, metabólitos (tudo o que o organismo produz que o ajuda a ser mais eficiente) e proteínas (que contribuem para a regulação das funções celulares). Ou seja, são um material extremamente vital para o funcionamento das células. “Eles podem ser encarados como um ponto de equilíbrio completo”, diz a presidente do Grupo Mezzo. “Por isso estão sendo um estouro fora do país e, tenho certeza, vai ser o foco no Brasil em 2024”, afirma. A farmacêutica bioquímica conta que no último congresso do qual participou, no ano passado, era uma aula atrás da outra tendo os exossomos como tema.
Novos, pero no mucho
Os exossomos não são exatamente uma novidade. Existem desde sempre, mas passaram a ser estudados mais recentemente, porque, como têm a ver com células-tronco e sua utilização “pura” não é permitida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) na maioria dos países, quando se descobriu que é possível usar parte delas (o líquido que secretam), foi o ponto de partida para se desenvolver pesquisas – a Coreia do Sul é líder nesse segmento – e, consequentemente, produtos derivados de exossomos. Hoje, eles têm origem em vegetais botânicos. Como agem na origem do “problema”, ou seja, nas nanovesículas extracelulares que atuam na comunicação intercelular, os exossomos têm a incrível capacidade de “corrigi-lo”. Como? Identificando falhas e “contando” ao organismo que elas precisam ser consertadas. O fato é que não há como atuar em estética sem saber do que se trata a novidade e, acredite, o número de fórmulas cosméticas com o ativo só tende a aumentar.
Frase:
“O exossomo é como se fosse uma IA (Inteligência Artificial) do cosmético, porque consegue identificar o que anda falhando e deixar o organismo inteligente para atuar em várias frentes”, Dra. Joyce Rodrigues