Pós-procedimentos estéticos, por mais que não sejam muito agressivos, acabamos gerando uma leve inflamação. Quando isso acontece, as células da epiderme liberam uma série de proteínas sinalizadoras que estimulam o melanócito (localizado na camada basal da epiderme) a produzir mais melanina. É onde mora o perigo!
Pode ocorrer o que chamamos de hiperpigmentação pós-inflamatória, uma mancha que incomoda o paciente, pois afinal de contas, ele foi até sua clínica para resolver uma determinada disfunção da pele e acabou indo embora com outro.
Um dos ativos que pode resolver os dois problemas de uma vez só é o ácido tranexâmico. Trata-se de um ácido que não é pH dependente e que possui capacidade de reduzir a inflamação, inibindo a liberação de prostaglandinas, e de reduzir o VEFG (Fator de Crescimento Endotelial Venoso).
Inibir prostaglandinas significa reduzir vermelhidão e com isso inibimos uma das vias de estímulo da melanina. Reduzir VEGF significa redução na formação de novos vasos e capilares e isso ajuda a prevenir a atividade dos melanócitos. Além disso, o ácido tranexâmico atua no controle da produção de enzimas importantes na formação da melanina, como a tirosinase, a TRP-1 e a TRP-2. Sem essas enzimas os melanócitos sintetizam menos pigmento.
O ácido tranexâmico possui uma capacidade de inibir o MITF, um fator de transcrição associado à melanogênese. A partir da inibição desse fator, as enzimas que citei acima também são inibidas. E não para por aí. Ele ainda possui capacidade de aumentar a autofagia, mas vamos deixar esse tema para outro artigo.
Use de 5 a 10% de ácido tranexâmico, em creme, gel ou loção, que pode ser aplicado duas vezes ao dia. Lembrem-se de que as luzes de equipamentos eletrônicos, além de luzes de ambientes, podem exacerbar a hiperpigmentação pós-inflamatória através do aumento de espécies reativas de oxigênio, portanto uma opção bem interessante é associar o ácido tranexâmico com ativos antioxidantes, como vitamina C, para potencializar o efeito.