O que já sabemos sobre fotoproteção oral

A proteção solar é uma das principais aliadas no cuidado dermatológico. O filtro solar tópico – em creme, gel ou spray – é uma ferramenta obrigatória ao se falar na prevenção dos efeitos da radiação solar, incluindo tanto o envelhecimento cutâneo quanto o câncer de pele.

No entanto, outras formas de fotoproteção, por via oral, por exemplo, ainda são pouco conhecidas e difundidas no grande público. Expandir essas informações pode colaborar na luta contra o câncer de pele que, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), representa 31,3% dos casos da doença do tipo não melanoma.

Dentre os ativos estudados como potenciais fotoprotetores solares está o extrato de polypodium leucotomos. Extraído das samambaias, ele é um importante antioxidante devido à presença de compostos fenólicos – que funcionam como agentes de defesa contra estresses causados à planta.

Um estudo publicado na revista eletrônica BWS Journal (mídia que reúne conteúdo científico), em 2021, analisou 20 artigos que pesquisam a ação do polypodium leucotomos. Os pesquisadores concluíram que o ativo é capaz de atuar como fotoprotetor oral, em especial devido à sua ação no DNA celular e na arquitetura da pele.

A luteína, um carotenóide natural de pigmentação amarela, derivado da vitamina A, é encontrada em frutas e vegetais e é outra substância que se mostra promissora. 

Outra revisão bibliográfica, publicada na Revista Vitalle, em 2021, indica que a luteína é capaz de reduzir o fotoenvelhecimento e a formação de células cancerígenas ao inibir o estresse oxidativo causado pela radiação solar. 

Uma pesquisa de 2007 também levantou as possibilidades de combinação deste ativo com a zeaxantina, outro carotenóide presente em vegetais amarelos. O artigo publicado na plataforma PubMed concluiu que a ingestão regular desses ativos reduz o potencial cancerígeno da exposição à radiação UVB.

O licopeno é um terceiro antioxidante que vem sendo estudado pelo seu potencial de fotoproteção. Com um acompanhamento de doze semanas, pesquisadores concluíram que o carotenóide foi capaz de inibir completamente a ação dos raios ultravioletas longos (UVA1), além das alterações celulares causadas pelas radiações UVA e UVB, Os resultados foram publicados na PubMed, em 2017.

Muitos dos estudos relacionados à fotoproteção oral ainda estão em estágios iniciais, como iniciativas pré-clínicas com testes em animais. No entanto, o conhecimento sobre antioxidantes naturais já motiva há alguns anos a ampliação das investigações nessa área.

Embora estudos mais robustos sejam necessários para conclusões que possam

– de fato – integrar essa forma de proteção à rotina das pessoas, o caminho está sendo traçado. A fotoproteção oral ainda não é uma realidade tão latente e não é capaz de substituir o uso de protetores solares tópicos, mas pode ser uma importante aliada no futuro.

Dra. Paula Rahal @dra.paularahal é dermatologista da Clínica Dr. Otávio Macedo & Associados @clinicaotaviomacedo, de São Paulo. Graduada pela Faculdade de Medicina do ABC com especialização em Dermatologia no Hospital Estadual Infantil Darcy Vargas. Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Pós-graduada em Oncodermatologia pelo Hospital Albert Einstein.

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