No topo da lista dos tratamentos estéticos mais procurados do momento, está a Harmonização Facial, que busca corrigir o que causa desconforto, amenizar os efeitos do tempo e realçar a beleza do rosto privilegiando traços mais harmônicos. Aqui, tudo o que é preciso saber sobre o assunto que desperta intenso interesse de profissionais e clientes
Carmen Cagnoni (@carmencagnoni)
Ter um rosto mais simétrico e jovial faz parte do desejo de mulheres e homens de todo o mundo. Se no passado realizar esse sonho era restrito a uma pequena parcela da população detentora de capital suficiente, bem como de tempo para bancar uma dispendiosa cirurgia plástica, com recuperação lenta, por exemplo, hoje essa pode ser a realidade de muitos. Isso porque com o avanço das técnicas, da cosmetologia e da tecnologia, cada vez mais é possível obter resultados fantásticos por meio de procedimentos minimamente invasivos e, consequentemente, com custo mais acessível. Sem contar que ficou para trás, também, as mudanças radicais de fisionomia, muitas até capazes de alterar por completo a expressão facial. E estudos comprovam isso.
Em 2021, o mercado global de Medicina Estética foi avaliado em US$ 99,1 bilhões, segundo relatório Aesthetic Medicine Market Size & Growth, elaborado pela empresa americana Grand View Research. No documento, a projeção é de que, de 2022 a 2030, haja uma expansão de 14,5% (taxa de crescimento anual composta) no faturamento do setor. O mesmo estudo mostra que, no ano passado, o segmento de procedimentos minimamente invasivos teve participação superior a 50% no mercado mundial. Para os próximos cinco anos, a expectativa é de que o mercado global de injetáveis estéticos cresça de 12% a 14% ao ano, informa pesquisa da consultoria McKinsey, de 2021.
Neste cenário ascendente entra em cena a Harmonização Facial, que segundo a biomédica esteta e especialista em Estética Avançada, Dra. Adriana Martinuzzo (@draadrianamartinuzzo), refere-se ao conjunto de procedimentos estéticos que tem por objetivo promover, através de recursos minimamente invasivos, a harmonia dos ângulos da face e dos lábios. “Mundialmente consolidado, o conceito de Harmonização Facial a cada dia se desenvolve, projeta novas vertentes e expressivo crescimento na área da Saúde Estética. A evolução dos métodos de tratamento se faz necessária a fim de trazer mais assertividade no prognóstico e ainda agregar maior valor ao tratamento em um mercado que se mostra cada vez mais disputado”, pondera.
A princípio, o tratamento em questão pode parecer uma novidade advinda dos tempos de exposição intensa de perfis nas redes sociais. É fato que a procura se intensificou nos últimos anos, especialmente pelos efeitos provocados pela pandemia de Covid-19, que colocou o mundo diante das câmeras para se expressar pessoal e profissionalmente – em 2020, a ferramenta Google Trends, por exemplo, identificou que as pesquisas em torno do tema aumentaram 540%. Porém, o conceito que busca promover mais equilíbrio entre o volume, o formato e o ângulo de todas as partes do rosto, já existe há 40 anos, e vem despertando cada vez mais interesse em mulheres e homens de todas as idades, famosos e anônimos, que buscam ter uma face mais assimétrica, ou corrigir pontos que causam desconforto.
O LEQUE DE ATUAÇÃO SE ABRE
Por envolver diversos procedimentos não cirúrgicos, o trabalho de Harmonização Facial pode ser desenvolvido por várias categorias profissionais do universo da Saúde Estética, como biomédicos, farmacêuticos, cirurgiões-dentistas, enfermeiros e biólogos, além, claro de médicos. De acordo com a Dra. Patricia Regina (@drapatriciaregina), cirurgiã-dentista especialista em Harmonização Orofacial (HOF), o cirurgião-dentista vem se destacando na área devido ao grande conhecimento que possui sobre a região da face, área que estuda por cerca de cinco anos. “Os dentistas brasileiros são reconhecidos internacionalmente devido à sua capacidade de realizar procedimentos com técnicas variadas e individualizadas, direcionadas de acordo com a queixa principal de cada paciente. Sem falar na capacidade desenvolvida de trabalhar com precisão, por causa da prática de atividades tão minuciosas, em que se torna necessário até o uso de lupa para realizar alguns procedimentos”, argumenta.
No Brasil, o movimento de HOF começou na Odontologia no ano de 2008, primeiramente com aplicação de toxina botulínica. A partir daí a Harmonização Orofacial passou a crescer gradativamente. Após a liberação do Conselho Federal de Odontologia, categorizando a prática como uma especialidade, o crescimento foi exponencial. A Resolução 198, aprovada no ano de 2019, foi de fundamental importância para a solidificação do ramo, uma vez que foi obtido o reconhecimento da especialidade Harmonização Orofacial.
Existem algumas diferenças entre Harmonização Facial e Harmonização Orofacial. “Em tese a ideia é de tentar promover um melhor tratamento para a estética como um todo. Só que quando pensamos em Harmonização Orofacial (HOF), ela tem uma ação ampliada, porque se pode trabalhar também com o oral, ou seja, dentro da boca, é possível trabalhar com coroa clínica, que deixa o dente maior, clareamento, reposicionamento, margens ósseas e até mesmo, que é o principal diferencial que os dentistas fazem se comparados aos outros profissionais, é que o cirurgião-dentista pode realizar alguns procedimentos cirúrgicos, por exemplo Lip Lift (cirurgia minimamente invasiva feita com anestesia local para reposicionar a parte superior dos lábios). Os outros profissionais habilitados para realizarem Harmonização Facial não podem trabalhar na cavidade bucal”, explica o Dr. Rafael Ferreira, farmacêutico especializado em Estética, cirurgião-dentista, mestre e doutorando em Ciências da Saúde e coordenador do Congresso Internacional de Estetas e Harmonizadores da Estética In.
“Vale ressaltar também que, antes da legislação, o dentista tinha um obstáculo grande para trabalhar na área da Estética, pois necessitava atrelar o tratamento a um benefício funcional. Assim, foi um reconhecimento bem importante porque o dentista, diferentemente das outras classes, não está preso ao ato médico. Ele tem autonomia de atuação, lembrando que ele pode prescrever qualquer tipo de medicamento e realizar ato cirúrgico dentro da sua zona de atribuição”, complementa.
E a regulamentação para a categoria trouxe tantos benefícios, que a Harmonização Orofacial, hoje, é a especialidade de maior rentabilidade dentro da Odontologia, na avaliação na Dra. Patricia Regina. “Essa conta não fica muito difícil de ser realizada, levando-se em consideração que os procedimentos estéticos são de curta e média duração, diferentemente de outros odontológicos, que duram muitos anos e retardam a necessidade de manutenção. Outra coisa que chama bastante atenção é o fato de que os procedimentos possuem uma variedade grande de associações, o que acaba possibilitando a constância do paciente no consultório”, justifica.
Porém, como dito anteriormente, a Harmonização Facial não movimenta apenas os consultórios odontológicos, outros profissionais qualificados para a realização das técnicas envolvidas também já têm seu lugar de destaque e outras categorias seguem aguardando a regulamentação. “Aplicação de toxina botulínica, preenchimento de ácido hialurônico, microagulhamento… Atualmente, a gama de procedimentos é tão grande que fica praticamente impossível que apenas um profissional trabalhe com todos eles. Tantas tecnologias e técnicas foram desenvolvidas que, por muitas vezes, o paciente fica desorientado em relação ao melhor procedimento que deve realizar para sanar sua queixa principal”, pondera a Dra. Patricia Regina.
VÁRIOS CAMINHOS
O Dr. Igor Costa Alves (@igoorcostalaves), da Clínica Transformando Faces (@clinicatransformandofaces), referência na área e que já foi responsável pela harmonização de famosos como Xuxa, Paula Fernandes, Flávia Pavanelli, Karina Bacchi, Mc Livinho, Eliana e Guilherme Leicam e outros mais, explica que muitas vezes a queixa do paciente é apenas sobre locais isolados, como olheiras profundas ou lábios pequenos, sendo possível melhorar apenas esses aspectos. “A Harmonização Facial engloba diversas possíveis modificações no rosto, como no nariz, na boca, no maxilar, nas bochechas, nos olhos e muito mais. São inúmeras possibilidades dentro de uma”, explica o profissional.
Entre os procedimentos mais comuns realizados durante a harmonização estão bichectomia, rinomodelação, preenchimento labial, preenchimento de olheiras e aplicação de toxina botulínica. “A maioria dos procedimentos são realizados com ácido hialurônico, porém, não são todos. A bichectomia, por exemplo, consiste na retirada das bolas de Bichat, que são as bolsas de gordura que temos nas bochechas”, conta. Outro exemplo é a aplicação da toxina botulínica, cuja produção é feita a partir da bactéria Clostridium Botulinum. Com a injeção dessa substância em músculos específicos da face, é possível provocar bloqueio do impulso neuromuscular no local causando o seu relaxamento e, consequentemente, o desaparecimento de marcas de expressão.
Já a rinomodelação consiste na aplicação de ácido hialurônico para modelar o nariz e corrigir imperfeições de forma não definitiva, ou seja, depois de aproximadamente um ano, o corpo absorve essa substância sem deixar marcas permanentes. “Com a rinomodelação é possível elevar a ponta nasal, dar a impressão de um nariz mais fino, melhorar desvios estéticos e disfarçar o ossinho”, conta o profissional. É uma ótima opção para quem deseja modificar o nariz sem um procedimento cirúrgico, como a rinoplastia.
O preenchimento labial e de olheiras também utiliza o ácido hialurônico, porém, com objetivos diferentes. “No lábio proporciona volume e contorno para ressaltar e valorizar a boca, enquanto nas olheiras o objetivo é disfarçar a sombra escura causada pelas marcas profundas”, explica o Dr. Igor Alves.
“O conceito real, pensando na parte técnica, é que Harmonização não é um procedimento, é um tratamento que envolve vários procedimentos. Isso é uma diferença muito importante, porque em muitos casos, o paciente imagina que fará uma única sessão, um único atendimento e acabou. Não é assim. Às vezes são necessárias várias sessões, e entre elas o clínico vai realmente lançar mão de algumas técnicas de maior giro, mas não obrigatórias. Eu posso realizar uma Harmonização Facial sem o uso de toxina botulínica, por exemplo, mas com outros recursos, como ozonioterapia e microagulhamento. De maneira geral, as técnicas de maior impacto e necessidade de menos sessões, realmente são aplicação de toxina botulínica, preenchimento, uso de fios de sustentação, bioestimuladores, peeling e laser”, destaca o Dr. Rafael Ferreira.
ANÁLISE CRITERIOSA
Para obter os melhores resultados possíveis, o profissional deve realizar um mapeamento detalhado do rosto do paciente antes de sugerir – ou partir – para a realização dos procedimentos necessários, é a denominada Harmonização Full Face (em tradução literal, Full Face significa rosto todo ou rosto inteiro). “O procedimento se baseia exatamente nisso, na análise completa da face, não apenas naquele ponto que incomoda o paciente, mas sim na simetria geral para um resultado harmônico e natural. Somente após o mapeamento, deve-se apresentar ao paciente as regiões que merecem receber algum tipo de procedimento ou a combinação de alguns para deixar o rosto todo em harmonia”, explica o cirurgião-dentista.
Por não ser uma intervenção cirúrgica, os procedimentos são realizados em mais de uma região, no próprio consultório com o uso de anestesias locais para evitar desconfortos. As aplicações são realizadas em média de uma a duas horas com recuperação rápida e tranquila. “Os resultados finais podem ser percebidos a partir de uma ou duas semanas, com retoques a cada, em média, 12 meses; e de 4 meses se foi utilizada a toxina botulínica”, complementa o Dr. Igor.
A grande vantagem do Full Face é que o procedimento pode ser realizado em qualquer paciente, sendo possível corrigir imperfeições que incomodam desde a juventude ou quando os efeitos do envelhecimento começam a aparecer. “É importante cada pessoa, bem como o profissional entender que existe uma particularidade no rosto que deve ser respeitada. Por isso é fundamental que o profissional seja qualificado para o trabalho e que possa compreender os objetivos almejados, mas também pontuar quais são as reais necessidades do paciente”, argumenta.
