Decifrando os bioestimuladores de colágeno

Todos os dias, pesquisas são realizadas em busca de novos procedimentos auxiliares na prevenção do envelhecimento cutâneo e na reestruturação facial. O envelhecimento já é algo esperado, porém ele pode ser acelerado por alguns fatores, como exposição ao sol e até mesmo o consumo de determinados alimentos. O procedimento de bioestimulação de colágeno surgiu para aumentar a produção de colágeno e suavizar as expressões faciais que surgem com o decorrer dos anos. Seu uso pode deixar a pele mais firme, com um contorno mais definido, com melhor textura e brilho, tudo por meio de uma leve resposta inflamatória na derme, causada pelo princípio ativo do bioestimulador, que ativa os fibroblastos a produzirem o colágeno novamente e, assim, preencher as áreas lipoatróficas.

A pele é o maior órgão do corpo humano, e responsável por diversas funções, como regulação térmica, regulação orgânica, controle sanguíneo, proteção contra diversos agentes do meio ambiente, além de atividades sensoriais importantes – sensações de calor, frio, pressão dor e tato (Schneider, 2010). Com passar do tempo, a pele começa a diminuir sua produção e renovação de colágeno e elastina devido à diminuição progressiva das funções celulares, consequentemente perdendo elasticidade, firmeza e tônus muscular. Logo começa o aparecimento de rugas e manchas na pele, algo totalmente natural e fisiológico (Cucé e Festa, 2009).

Porém, com o passar do tempo, a população passou a se importar mais com a estética levando a indústria do setor a desenvolver substâncias e procedimentos que ajudam no tratamento e prevenção do envelhecimento cutâneo, como toxina botulínica, preenchimento, skinbooster, dentre outros, tudo com a intenção de preservar a aparência mais juvenil (Gomes e Gabriel, 2006; Anvisa, 2005). Atualmente, existem procedimentos eficazes que diminuem e retardam o processo de senescência (envelhecimento fisiológico), como a aplicação de substâncias que influenciam diretamente na circulação superficial local, melhorando e auxiliando na nutrição e no tônus muscular, o que possibilita uma melhora na aparência geral da pele, ajudando a retardar o envelhecimento cutâneo (Batinga, 2009; Santos, 2011).

Entre as inovações estão os procedimentos com bioestimuladores de colágeno, cujo objetivo é promover neocolagênase através da aplicação de um material capaz de causar uma resposta inflamatória na derme, ativando os fibroblastos. Com o passar dos anos, as fibras de colágeno perdem a qualidade, deixando a pele mais flácida e menos elástica. Os Bioestimuladores revertem esta situação, estimulando a produção de colágeno novo e saudável.

Embora existam três tipos de bioestimuladores de colágeno, todos apresentam características parecidas: são biocompatíveis, não tóxicas, não irritantes e com microesferas (de 25 a 66 micrômetros) suspensas em um veículo aquoso. Ao ser aplicado na pele começa o processo de absorção do veículo aquoso e o princípio ativo de cada produto permanece para começar a produzir uma resposta inflamatória na derme e ativar os fibroblastos a produzir colágeno (BASS et al, 2010). Com o tempo, o próprio organismo começa a absorção das microesferas, os macrófagos vão fagocitando o material e acontece a deposição de colágeno na região lipoatrófica (Vleggaar, 2004).

PROTEÍNA FUNDAMENTAL

O colágeno é um tipo de proteína fibrosa formada por três cadeias polipeptídicas, com mais de 1000 tipos de aminoácidos, que se entrelaçam formando uma tripla-hélice. O colágeno existe em abundância, representando de 25% a 30% das proteínas totais do organismo, sendo que alguns tipos estão em maior quantidade que outros. Dentre todos os tipos de colágeno, o que existe em maior quantidade é o do tipo l, que representa certa de 80% de todo o colágeno existente no organismo (Kede; Sabatovich, 2009).


Colágeno do tipo l: dentre todos os tipos já descobertos, o tipo l chama bastante atenção devido a sua quantidade. Ele aparece em tendões, cartilagem fibrosa, tecido conjuntivo frouxo comum, tecido conjuntivo denso, e é sempre formado por feixes e fibras, ou seja, está presente nos ossos, tendões e na pele. Ele é principalmente responsável pela manutenção da resistência mecânica nos ossos (Sena, 2004).

Colágeno do tipo ll: este tipo é sintetizado pelos condrócitos e aparece na cartilagem hialina e na elástica. Sua forma é parecida com o tipo l, mas possui menor diâmetro. Está presente nos olhos, nas cartilagens e nos discos intervertebrais, sendo responsável pela saúde das cartilagens e articulações (Kede; Sabatovich, 2009).

Colágeno do tipo lll: é facilmente encontrado em músculo liso, artérias, fígado e útero. Este tipo trabalha em conjunto com o colágeno tipo I, auxiliando no desenvolvimento e manutenção da pele, bem como atuando no reparo e tratamento de lesões nesses locais (Sena, 2004).

Colágeno do tipo lV: está presente em locais de grande resistência às tensões, como nos ossos, que necessitam de uma estrutura compatível com a sua função de sustentação, também se associa ao colágeno tipo I para saúde da pele e dos cabelos (Kede; Sabatovich, 2009).

TIPOS DE BIOESTIMULADORES

Hidroxiapatita de cálcio – tem em sua composição o CaHA, fazendo parte da composição da matriz dos ossos e dentes humanos. Esse material já era utilizado na odontologia, como implante ou material de revestimento. Em sua forma injetável, é utilizado para melhorar o contorno facial e auxiliar no rejuvenescimento (BASS et al, 2010). Esses bioestimuladores são compostos por microesferas sintéticas de hidroxiapatita de cálcio (30%), cujos tamanhos variam de 25 a 50 mícrons, suspensas em um suporte aquoso de gel (70%). Essas microesferas são lisas e idênticas à composição da porção mineral do ser humano (osso e dente). Devido as suas propriedades parecidas, agem de forma natural no corpo, portanto são inerentemente biocompatíveis, não tóxicas e não irritantes (Graivier, 2007). O gel transportador e as microesferas no material são substituídos em partes pelo colágeno nativo (Bass et al, 2010).

Ácido poli-L-láctico – ácido sintético e biocompatível. Os polímeros do ácido poli-L-láctico já eram utilizados há um tempo como uma âncora em tecidos moles, suturas absorvíveis etc. As microesferas do PLLA também são utilizadas como vetores que auxiliam na sustentação tecidual (Vleggaar e Bauer2004). As partículas do PLLA são grandes (40 a 66 micrômetros), o suficiente para escaparem da fagocitose realizada pelos macrófagos e provocarem diretamente uma resposta inflamatória local. O PLLA não produz nenhum efeito de volume imediato, e sim um aumento linear, progressivo e duradouro do tecido (Friedmann, 2014).

Policaprolactona – demonstra propriedades ainda não vistas nos preenchimentos de tecidos moles, é composto por microesferas de policaprolactona (PCL) em um veículo aquoso de gel de carboximetilcelulose (Melo, 2017). Enquanto o gel de carboximetilcelulose (CMC) é absorvido gradativamente pelos macrófagos, as microesferas estimulam a neocolagênase (Melo, 2017).

ÁREAS DE APLICAÇÃO

Malar; mandíbula; mento e marionete.

MECANISMO DE AÇÃO

Após a injeção do material bioestimulador, o veículo do material é absorvido gradativamente, e o componente principal permanece (Graivier, 2007). O mecanismo de ação consiste na estimulação de fibroblastos, que respondem devido a uma inflamação tecidual (Filho, 2013). Ou seja, a resposta histiocítica e fibroblástica local consegue estimular a produção de colágeno (principalmente tipo l) em volta das micropartículas (Graivierl, 2007). A produção de colágeno é aumentada de forma gradativa e constante, preenchendo as áreas lipoatróficas ao longo de semanas ou meses (Vleggaar, 2004).

EFEITOS

Superfície da pele: diminuição de linhas finas e recuperação do viço e da flexibilidade.

Derme: suavização de rugas e recuperação da firmeza, resultando em uma maior sustentação da pele.

Camada subcutânea: aumento da sustentação e melhora do volume na região adiposa, garantindo remodelação do corpo e do rosto.

CONCLUSÃO

A utilização de bioestimuladores de colágeno mostra-se eficaz para suavizar as características dada pela idade, promovendo uma melhora física e emocional nos pacientes. Para ter um resultado satisfatório no tratamento, o profissional deve ser capaz de fazer uma correta indicação do procedimento e aplicar a técnica corretamente, seguindo todas as recomendações do fabricante.

Katiuce Nogueira @drakatiucenogueiraoficial é bacharel em Enfermagem, docente de pós-graduação, ex-diretora SOBESE (Sociedade Brasileira de Enfermeiros em Saúde Estética), professora de prática da 1ª residência Dr Hollywood no Brasil, empresária no ramo da Estética e palestrante de Gestão e Marketing na Estética, além de docente do IC – Instituto de Cosmetologia e Ciências da Pele @icosmetologia.

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