Cada cicatriz, um tratamento

Nenhuma novidade no fato de que muita gente aproveitou o isolamento social e o home office para fazer cirurgia plástica. A grande notícia, porém, é que o estresse trazido pela pandemia tem prejudicado a recuperação e deixado cicatrizes inestéticas, aumentando significativamente a demanda por tratamentos que dependem muito mais do esteticista e do fisioterapeuta do que do médico. Conheça a seguir as técnicas mais utilizadas em cada caso

Shâmia Salem (@shamiasalem)

Cicatriz não é tudo igual. “Por isso é que mais do que saber realizar os procedimentos, o esteticista e fisioterapeuta precisam entender profundamente como avaliar as marcas para indicar o tratamento ou a combinação de técnicas mais adequada para cada caso. E há pouquíssimos profissionais que sabem realizar o diagnóstico”, afirma Vilma Natividade, esteticista, fisioterapeuta dermatofuncional e doutora em ciência da saúde do alto dos seus 32 anos de experiência em tratamentos de sequelas, professora universitária há 16 anos e autora de cursos que formaram mais de 7 mil especialistas no Brasil e no exterior. “Estética e pós-operatório são dois mercados promissores que o esteticista e o fisioterapeuta podem abraçar simultaneamente, sem ter que escolher entre um e outro. Porque os protocolos eles já sabem fazer; o que, por vezes, falta é saber avaliar e dosar os protocolos. E há muitos atrativos em atuar nessas duas frentes, já que há uma demanda enorme, pouca concorrência, os valores dos tratamentos de pós acabam sendo maiores do que os de estética e você geralmente ainda precisa realizar menos sessões, tendo, portanto, mais tempo para novos atendimentos”, lista a professora, que é diretora da Clínica Natividade, em São Paulo.

Protocolos diversos e específicos

Segundo Vilma Natividade, durante muito tempo foi imposto que cicatriz só se tratava com fatores de crescimento. “Mas, e se for queloide ou uma cicatriz hipertrófica?”, questiona ela, que explica os quatro tipos de cicatrizes que existem e os cuidados para cada um deles:

CICATRIZ NORMOTRÓFICA

  • o que é A marca é classificada como normotrófica quando o local da incisão apresenta relevo e coloração semelhantes aos da pele antes da cirurgia.
  • tratamento “Como a cicatriz é discreta, a única recomendação é hidratar e proteger a região com filtro solar. A não ser que durante a avaliação se diagnostique que a paciente perdeu a função devido à cicatriz. Um caso clássico é o da mulher que após uma cirurgia de mama fica apenas com um risquinho fino e claro debaixo dos seios, porém, que limita os movimentos de seu braço por provavelmente ter uma aderência interna. Nesses casos lançamos mão de métodos manuais que destroem essa aderência, alongam a fascia muscular e mobilizam o colágeno, como é o caso da crochetagem. Geralmente são indicadas de 5 a 10 sessões, sendo uma por semana, além da orientação de alongamentos em casa”, diz a dra. Vilma Natividade.


CICATRIZ ATRÓFICA

  • o que é Este tipo de cicatriz surge devido à perda de estruturas que dão apoio e firmeza à pele, como músculo e gordura, provocando, assim, uma depressão na região.
  • tratamento “Para tentar nivelar novamente a pele, é preciso estimular o colágeno associado a fatores de crescimento. Daí a recomendação de fazer microagulhamento com drug delivery associado à radiofrequência. Claro que a cicatriz não desaparece por completo, mas você tem uma melhora bastante significativa. Dependendo da idade do paciente, a marca fica bem discreta e suave após uma média de 5 sessões, realizadas com intervalo de 15 dias entre uma e outra”, calcula a doutora Vilma Natividade.


CICATRIZ HIPERTRÓFICA

  • o que é Essa cicatriz tem uma textura elevada devido à produção anormal de colágeno na região da incisão. Até por isso muita gente acaba confundindo-a com queloide.
  • tratamento Vilma Natividade explica que, aqui, não se deve usar nada de fator de crescimento, porque o foco é na destruição de colágeno. Para isso, é usada a agulha de 1 mm no microagulhamento, que deve ser associado ao laser de baixa potência, para modular o processo inflamatório, e o taping pós-cirúrgico, para diminuir o oxigênio das células e modelar o colágeno para a área desejada. “Na prática, fazemos na mesma sessão o microagulhamento e o laser de baixa potência, uma semana depois fazemos novamente o laser e o taping, que vai sendo colocado durante 30 dias, alternando 3 dias com e 3 dias sem essa bandagem elástica e contensiva – a paciente faz isso sozinha em casa, por isso, deve ser bem orientada pelo profissional. Passado esse um mês, podemos repetir todo o protocolo. Geralmente, o tratamento completo dura 5 meses e oferece uma melhora intensa”, esclarece a professora.


QUELÓIDE

  • o que é Por se tratar de uma proliferação anormal do fibroblasto com um envolvimento dos melanócitos, o diagnóstico deve ser médico.
  • tratamento É realizado em conjunto, já que a equipe médica fica responsável por fazer a infiltração de corticoide ou a cirurgia, dependendo do diagnóstico; enquanto o esteticista ou o fisioterapeuta entram com a fototerapia, que é o laser de baixa potência, capaz de modular a atividade do melanócito e evitar a recidiva do queloide. “Essa atuação do profissional da área estética é fundamental. Tanto que estou agora com 122 casos de pacientes que já tinham feito cirurgia e infiltração de corticoide e o queloide voltou com tudo. Mas, agora que associamos a fototerapia ao procedimento médico não identificamos nenhuma recidiva”, destaca Vilma Natividade.


Clarear, às vezes, é preciso

Há cicatrizes que também têm alteração de cor, deixando a área da incisão escura. Daí ela ser chamada de hipercrômica. Casos assim podem ser resolvidos com peeling superficial, do mesmo tipo usado em estética, como o de ácido glicólico e mandélico, avisa a doutora Vilma Natividade. “Regra geral, esse clareamento pode começar a ser feito com 30 dias de pós-operatório, e o peeling ser repetido semanalmente até atingir o resultado desejado. E é preciso orientar a paciente para usar em casa pomada cicatrizante e óleo de rosa mosqueta”, avisa ela.

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