3 fatores que deixam a pele mais irritada na pandemia

Descamando com facilidade, levemente (ou até gravemente) vermelha, sensível ao toque… O tecido cutâneo também está sofrendo em tempos de pandemia. Isso porque a pele possui uma barreira de proteção natural. Essa camada impede que as bactérias e substâncias nocivas entrem no organismo, além de restringir a perda de água e prevenir a desidratação. Esses processos mantêm a pele saudável e hidratada, conservando a sua elasticidade e firmeza.

A pele pode ficar sensível por diversas razões e em qualquer momento da vida, desde a infância até a velhice. A sensibilidade ocorre quando a função protetora de barreira cutânea fica comprometida, deixando-a suscetível a fatores externos irritantes, como bactérias, substâncias químicas, alérgenos, entre outros. A pele sensível é um estado. Porém, essa sensibilidade pode ser um sintoma de algumas doenças, como dermatites seborreica e atópica.

Os principais sinais visíveis são eritema (vermelhidão ou erupções), descamação, inchaço ou aspereza. Mas há também sinais sensoriais, como coceira, sensação de estiramento, ardor ou formigamento. Rosto, lábios, mãos, corpo e couro cabeludo podem ser afetados por essa sensibilidade.

CAUSAS

O quadro pode ser desencadeado por mudanças físicas, sejam elas temporárias, como gravidez, ou contínuas, como envelhecimento. Três principais fatores atualmente são os grandes responsáveis por deixar a pele mais irritada:

Estresse – durante todo o tempo de pandemia, experimentamos um alto estresse e ansiedade, que trouxeram impactos inclusive para a pele. Muitos tipos de células da pele, incluindo células imunológicas e células endoteliais (células que alinham os vasos sanguíneos), podem ser reguladas por neuropeptídeos e neurotransmissores, que são substâncias químicas liberadas pelas terminações nervosas da pele. O estresse ajuda a liberar um nível maior dessas substâncias e, quando isso ocorre, pode afetar o modo com o qual o corpo responde a muitas funções importantes, como sensação e controle do fluxo sanguíneo. Além disso, a liberação desses agentes químicos pode levar à inflamação da pele, o que reduz a eficácia dessa função barreira da pele.

Higiene demais – ao esfregar as mãos com sabão e usar desinfetante ou álcool ao longo do dia para reduzir a chance de infecção viral, também retiramos de nossa pele os óleos naturais e as bactérias saudáveis que protegem a barreira. Além disso, se tiver resquícios de produtos químicos na mão e ela for levada ao rosto, isso pode causar irritação e dermatite de contato. Pacientes que fazem uso em casa, sem orientação adequada, de produtos mais abrasivos ou substâncias ácidas também podem sofrer com sensibilidade da pele. O excesso de esfoliação interfere no ciclo de renovação natural, fazendo com que o organismo não tenha tempo suficiente para produzir células e manter a integridade da camada córnea.

Desequilíbrios e alergias alimentares – as intolerâncias não diagnosticadas ou não tratadas e as alergias alimentares, tais como a glúten, laticínios, aditivos e ovos, podem resultar em inflamação e erupções cutâneas. Da mesma forma, uma dieta altamente inflamatória, rica em carboidratos de alto índice glicêmico, como as farinhas brancas e os doces, e em produtos ultraprocessados, pode influenciar também. A desidratação, por excesso de transpiração ou falta de água, também pode ressecar a pele e colocá-la sob estresse.

Mudanças de estação, bem como as oscilações de temperatura, também podem aumentar a sensibilidade da pele. No frio, as glândulas da pele reduzem a secreção de substâncias necessárias para a manutenção do manto protetor, fazendo com que a pele seque. O aquecimento central e o ar-condicionado também têm esse efeito. No calor, as glândulas da pele produzem mais suor, que evapora, deixando-a com uma sensação seca.

Para restaurar as peles sensíveis e secas, é importante escolher produtos para que reforcem a função de barreira e proteja contra a perda de umidade. Ao escolher um produto de cuidados para peles sensíveis, não basta apenas garantir que ele não tenha substâncias irritantes. O produto deve funcionar ativamente abaixo da superfície da pele, estimulando os seus próprios processos de renovação e as defesas naturais. Ceramidas e ácidos graxos são constituintes naturais da barreira do corpo. Produtos com esses agentes podem auxiliar, assim como glicerina, vitamina E e óleos vegetais de alta qualidade, ricos em ácido linoléico, pois eles fortalecem a função natural de barreira da pele. Atualmente, existem bons produtos no mercado destinados a peles sensíveis, mas o mais importante é que o problema seja identificado e tratado por um especialista.

Dra. Patrícia Mafra (@drapatriciamafra) é dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG), com estágio em Dermatologia pelo Grupo Santa Casa e acompanhamento do Serviço de Ginecologia e Sexologia do Hospital Mater Dei. É expert em injetáveis e speaker em eventos nacionais e internacionais, palestrando sobre temas ligados à área de atuação. A dermatologista também foi preceptora de Medicina Estética do Instituto Superior de Medicina (ISMD).

Compartilhe nas redes sociais

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on telegram
Share on whatsapp
Share on email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *