Não raro, surgem notícias e comentários de pessoas que “exageram” nos tratamentos faciais e que ficam “irreconhecíveis”. De fato, há casos em que isso ocorre especialmente depois que surgiu a tão falada harmonização facial. A ideia, como o próprio nome já diz, é fazer procedimentos com o objetivo de criar harmonia entre as áreas do rosto. Cada profissional a executa a partir de sua visão, conhecimento e métodos próprios.
Um dos procedimentos que integram a harmonização é o preenchimento com ácido hialurônico, que já faz parte do universo da Estética Médica há 30 anos. É um processo seguro, já que a substância é absorvida pelo organismo e reversível. Se houver alguma reação ou exagero, o ácido hialurônico pode ser ‘derretido’ com um produto chamado hialuronidase.
Mesmo com uma grande diversidade de técnicas, o que se observa atualmente é um efeito de padronização. Em vez de se pensar soluções individuais, busca-se um padrão estético que não cabe em todas as realidades.
A parte mais importante de qualquer plano de tratamento é o assessment, ou seja, o diagnóstico. Para isso, examina-se o rosto detalhadamente, observando todas as características. E é importante não tratar apenas uma queixa, mas avaliar o que está por trás dela.
O diagnóstico é uma arte. Pensar a estética facial demanda um olhar muito apurado do médico, sensibilidade e visão artística para detectar todos os pontos que precisam de atenção.
O preenchimento ideal é aquele pensado de maneira individual. É o que busca sustentar regiões (em cima do osso, na região do malar, na região da bochecha etc). Não para fazer volume, mas para criar um efeito lifting.
Existem desafios, em especial quando pacientes já realizaram procedimentos, em muitas ocasiões sem saber o que foi injetado. Nesses casos, a tecnologia é uma aliada para o diagnóstico.
Com ultrassom da pele, é possível realizar a identificação: foi ácido hialurônico? Foi silicone (que é completamente indesejável)? Metacrilato ou PMMA (que são substâncias definitivas)?
Se esses produtos se misturam, podem surgir processos inflamatórios conhecidos como ETIP (Edema Tardio, Intermitente e Persistente). Em outros casos de complicação, infecções – incluindo Covid e até sinusite – podem desencadear ETIP nas áreas preenchidas.
Tudo isso exige uma experiência médica que permite lidar com a aplicação, escolher o produto certo e construir harmonia. Se não pensamos dessa forma, os exageros se tornam visíveis.
Pillow face (ou overfilled) ocorre quando muitas ampolas são usadas na região malar. Isso gera uma sensação visual de estranheza, como se houvesse um travesseiro no rosto. Às vezes, exageros na bochecha, olheira e mandíbula, podem até diminuir a abertura do olhar.
E outro efeito visual negativo pode surgir dos exageros: aparência envelhecida, ao contrário do que se espera de um procedimento estético. No entanto, o excesso de preenchimento facial pode transformar a aparência de mulheres de 25 anos, inserindo de 10 a 15 anos em sua aparência.
Um profissional de confiança continua sendo fundamental para que o melhor do tratamento seja explorado, com naturalidade no sentido de valorizar a beleza. É o tal do “less is more”.
Dr. Otávio Macedo (@clinicaotaviomacedo) é graduado pela Universidade de Taubaté. Residência em Dermatologia no Centro Hospitalar da Universidade Vaudois (CHUV), Lausanne, Suíça. Residência em Dermatologia na Universidade de Buenos Aires, Argentina. Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia a Laser. Membro da Academia Americana e Europeia de Dermatologia. Atua profissionalmente há 40 anos.