Acompanhar a evolução cosmética ao longo de anos nos permite ver o quanto a tecnologia foi preponderante para oferecer uma verdadeira revolução nos cuidados com a pele. A biotecnologia cosmética e os avanços nas áreas de engenharia genética e fermentação de ingredientes fizeram com que os produtos para a pele atingissem o verdadeiro apogeu, não apenas hidratando, mas oferecendo inúmeros benefícios, como tratamento de manchas, rejuvenescimento, controle da oleosidade, melhora da textura e renovação celular. Aliás, é por conta desse avanço que hoje nas prateleiras é possível ver cosméticos antifadiga (que ‘combatem’ os efeitos da fadiga na pele) e produtos com ação até sobre os telômeros (as extremidades dos cromossomos e hoje considerados fatores chaves para o envelhecimento de todo o organismo, inclusive da pele).
Em um passado não muito distante, a associação era óbvia: ativo cosmético estava relacionado a extratos vegetais ou ingredientes derivados de animais. Agora também sabemos que eles podem ser ‘feitos’ em laboratório, com uso da biotecnologia e fermentação de ingredientes. A produção de cosméticos naturais baseada em plantas usa muitos recursos, como área de cultivo, água, energia e trabalho humano. Com o uso da biotecnologia, diminuímos o uso de plantas e animais produtores de ingredientes cosméticos. Do mesmo modo, o uso de micro-organismos para fabricar esses ingredientes substitui plantações e a crueldade animal. Em laboratório, é possível alterar e modificar a molécula, buscando seu maior resultado clínico, melhorando a capacidade de permeação, cuidando da microbiota da pele e também tornando a molécula mais estável. As substâncias atuais tornam os produtos com ação mais direcionada e tratam a pele com capacidade regenerativa superior, atuando na longevidade celular, protegendo e até estimulando o reparo do DNA de células e de fatores de crescimento natural da pele.
As novidades mais importantes já disponíveis incluem a utilização de peptídeos e prebióticos em cosméticos. Os peptídeos são moléculas originadas da quebra de proteínas e sua produção parte de micro-organismos. Eles são considerados grandes avanços, pois são capazes de penetrar em camadas mais profundas da pele e podem agir como sinalizadores, carreadores ou inibidores de neurotransmissores. É exatamente aqui que entram os cosméticos que protegem os telômeros, que são a chave do envelhecimento.
Já os prebióticos são substâncias que beneficiam a sobrevivência e proliferação de bactérias saudáveis para o nosso organismo e eles têm seu uso em cosméticos estimulado por garantir a manutenção da microbiota da nossa pele.
Falando sobre o futuro, a Cosmetologia será pautada, invariavelmente, por bases científicas, funcionais e preventivas. O consumidor já busca produtos que, além de oferecerem diversos benefícios, economizem tempo e dinheiro. É o caso dos cosméticos híbridos, que já possuem expoentes no campo de ativos cosméticos, mas serão uma realidade cada vez mais vista em produtos industrializados.
Também veremos cosméticos em pó, com o objetivo de menos uso de água no processo, figurando como uma tendência sustentável muito importante, sem perda de eficácia. É possível, também, vislumbrar associações de empresas cosméticas com indústrias de tecido. Isso representará uma otimização de tratamentos, com o objetivo de suprir carências ou deficiências da pele, por meio da produção de tecidos cosméticos, ou seja, tecidos que possam entregar ingredientes cosméticos para ação efetiva na pele.
O estudo da genética também será cada vez mais forte e influenciará os lançamentos. Outra forte tendência será a imunocosmetologia, que tem como objetivo a manutenção ou restabelecimento do equilíbrio destas funções de defesa da pele.
Veremos cada vez mais cosméticos com efeitos instantâneos, mas com ação terapêutica efetiva, tratando realmente a pele a curto e a longo prazo. Todas essas inovações citadas trarão benefícios terapêuticos, mas impactarão também em uma mudança socioambiental profunda e responsável.