O tratamento queridinho do momento é aqui passado a limpo por profissionais que têm vasta experiência por usar a tecnologia em sua rotina diária, tanto em protocolos faciais quanto corporais. Pode pegar a sua listinha de perguntas e encontrar todas as respostas aqui
Shâmia Salem (@shamiasalem)
- Que tipo de tecnologia a radiofrequência utiliza? “Trata-se da diatermia, estudada pelo médico e físico francês d’Arsonval, que foi o primeiro a se debruçar sobre os efeitos fisiológicos das correntes alternadas produzidas por campos eletromagnéticos. Essas correntes geram um efeito térmico em que se induz a retração nas fibras colágenas sem destruí-las, fazendo um remodelamento corporal”, resume a fisioterapeuta dermatofuncional Lorice Issa Miguel.
- Como essa tecnologia atua no organismo? “Ela aquece as camadas mais profundas da pele e da gordura. Daí ela estimular a produção de colágeno novo pelos fibroblastos e também causar a compactação ou destruição das células gordurosas”, esclarece o dermatologista Renato Soriani, mestre em dermatologia pela USP, CEO da Renascence Dermatologia e key opinion leader nacional e mundial de marcas como INMODE, Entera, DEKA e LMG.
- A ação da radiofrequência se limita à pele? “A tecnologia age em especial no remodelamento do colágeno, e não no músculo. Porém, a temperatura é quem vai ditar o que será tratado. Assim, entre 37 e 38 graus podemos tratar fibroses, de 39 a 40, flacidez tissular, acima de 40 até 42 graus pensamos em flacidez associada a gordura localizada”, exemplifica a fisioterapeuta dermatofuncional Lorice Issa Miguel.
- Quais pacientes não podem ser tratados com radiofrequência? “Aqueles que utilizam marca-passo ou possuem implantes metálicos nas áreas a serem tratadas”, avisa o dermatologista Renato Soriani.
- Para quem quer associar tecnologia com injetáveis, como deve ser a ordem de aplicação de radiofrequência, toxina botulínica e bioestimulador de colágeno? “A tecnologia sempre deve ser usada primeiro. Só depois é que se pode vir com a toxina botulínica e, em seguida, o bioestimulador. Jamais se deve mudar esta ordem! Caso contrário, ao começar pelo injetável e, por cima, aquecer a pele com a radiofrequência, há o risco de desnaturar as proteínas da toxina ou superaquecer o ácidopolilático encontrado no Sculptra ou a hidroxapatita de cálcio do Radiesse”, alerta a dermatologista especialista em medicina estética Geisa Costa, coordenadora da especialização em dermatologia da IPSP\Italo, diretora clínica e fundadora do Art Beauty Center e membro da International Society of Dermatology.
- Quais partes do rosto podem ser tratadas com radiofrequência? “Basicamente todas as áreas do rosto podem ser tratadas com radiofrequência. Entre elas a região frontal, a malar e até a dos lábios”, lista o dermatologista Enio Zyman. “Também temos boas respostas ao tratar pálpebras e papada”, complementa Renato Soriani.
- E quanto ao corpo, quais regiões podem ser trabalhadas com a radiofrequência? “Assim como acontece no rosto, também não existem restrições para as áreas corporais. E as mais procuradas abdome, braços, coxas e glúteos”, lista o dermatologista Renato Soriani.
- Quais as características das ponteiras faciais da radiofrequência? “Os aplicadores para rosto têm um diâmetro menor, e sua profundidade de ação é menor também”, diz Jardis Volpe. “Isso acontece porque o foco do tratamento é a derme, para estímulo de colágeno. Outra destaque das ponteiras faciais é que elas são mais delicadas, permitindo melhor acoplamento anatômico”, conta a dermatologista Tatiana Jerez, especialista em medicina funcional e membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.
- No que as ponteiras corporais da radiofrequência se diferenciam das faciais? “Elas têm vácuo associada para maior penetração da tecnologia. Afinal, o objetivo do tratamento no corpo é trabalhar o colágeno e, por vezes, também a compactação da gordura dos adipócitos”, fala o dermatologista Jardis Volpe.
- A radiofrequência trata todos os níveis de flacidez no corpo? “Teoricamente trata. No entanto, não são todos os pacientes que vão ficar satisfeitos. Os mais maduros, que têm graus mais avançados de flacidez, acabando tendo menos resultados; enquanto os mais jovens, mais, por terem mais colágeno e fibroblastos para serem estimulados. Por tudo isso é importante ressaltar que a radiofrequência não é indicada para quem tem flacidez severa”, reforça o dermatologista Abdo Salomão Jr, professor universitário e sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
- Como a radiofrequência é capaz de realizar dois feitos tão distintos quanto estimular colágeno e reduzir a gordura localizada? “Os dois objetivos são atingidos através do aquecimento homogêneo dos tecidos. No caso do estímulo de colágeno, ele é promovido pelo aquecimento da derme; enquanto que para a quebra de gordura, o aquecimento ocorre no tecido adiposo”, esclarece a dermatologista Thais Jerez, especialista em dermatologia cosmiátrica e em medicina funcional, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.
- Em quanto tempo a radiofrequência começa a fazer efeito? “O procedimento começa a surtir efeito a partir de 30 dias da primeira sessão. Porém, os resultados de quebra de gordura podem levar de 30 a 90 dias para aparecer e os de estímulo de colágeno entre 3 e 6 meses para estarem completos”, calcula Tatiana Jerez.
- Qual o protocolo para o número de sessões de radiofrequência? Thais Jerez pondera que cada aparelho possui um protocolo, a depender da potência da radiofrequência oferecida. “Radiofrequências monopolares costumam ser mais potentes e seus protocolos incluem quatro a oito sessões, realizadas com intervalos semanais. Já as demais radiofrequências podem requerer sessões até duas vezes por semana e protocolos com oito a 12 aplicações. De maneira geral, sugiro calcular que, levamos entre um e dois meses para completar um protocolo”, diz ela.
- Quem tem manchas pode fazer radiofrequência? “Apesar da radiofrequência não ter afinidade por melanina, não recomendo usá-la em peles manchadas porque o melasma pode responder ao calor emitido pela tecnologia”, ressalta Jardis Volpe.
- Quais são alguns dos fatores mais importantes para obter um bom resultado ao utilizar a radiofrequência? “São inúmeros, mas eu destacaria a escolha do resfriamento de superfície (quando possível), o tempo de aquecimento controlado, os movimentos contínuos e em velocidade correta, o não desacoplamento (não levantar da pele a ponteira quando ainda ligada) e a hidratação mínima do paciente”, lista a médica Tatiana Jerez.
- De que forma a radiofrequência pode ser usada na estética íntima? “A radiofrequência é uma excelente opção para o tratamento da região íntima, tanto com objetivo estético quanto funcional. Isso porque a técnica trata externamente os grandes e pequenos lábios, melhorando a flacidez da região; e há alguns aparelhos que permitirem o uso dentro do canal vaginal, com o objetivo de melhorar a lubrificação e até mesmo a incontinência urinária”, conta Thais Jerez.
- Na hora de comprar um equipamento de radiofrequência, ao que o profissional de estética deve ficar atento? “Em primeiro lugar é preciso checar a procedência do aparelho, verificando se a empresa que a vende é realmente idônea, e se o equipamento é certificado pela Anvisa. Também é importante avaliar a versatilidade da máquina, como é o caso das que possuem ponteiras faciais, corporais e para estética íntima, para garantir que ela vá atender seus objetivos profissionais e a demanda da sua clínca. Além disso, acho essencial checar se o aparelho tem ou não consumíveis. Quanto ao preço, é importante atentar para o custo-benefício, já que marcas mais baratas não costumam oferecer uma tecnologia mais atual. Em contrapartida, aparelhos mais modernos exigem um investimento maior, porém o payback acontece quando o seu público vê resultado. Atualmente existem aparelhos muito bons, que trazem resultados significativos e sem consumíveis”, avisa Thais Jerez.
- Por que é tão importante verificar os watts do aparelho? “O raciocínio é o seguinte: os watts indicam a potência da radiofrequência; e ela atua através da sustentação do calor prolongado, de 10, 15 minutos na região tratada. Sendo assim, se a potência do aparelho for muito baixa, ele não consegue liberar e sustentar esse calor”, diz o dermatologista Jardis Volpe.
- No que se caracteriza a radiofrequência microagulhada? “Estamos falando de um sistema de radiofrequência que entrega energia através de microagulhas banhadas a ouro. Com isso, a tecnologia vai até a camada dérmica e faz pontos de coagulação em áreas específicas, e contrai na hora”, afirma o dermatologista Abdo Salomão Jr..
- Em quais casos a radiofrequência microagulhada é mais indicada do que a radiofrequência? “A radiofrequência microagulhada se mostra superior principalmente para tratar regiões com estrias ou cicatrizes de acne e flacidez de pálpebras, pescoço e colo; e ainda exige menos sessões do que a radiofrequencia convencional”, compara a fisioterapeuta dermatofuncional Lorice Issa Miguel.
- Como a radiofrequência atua nas estrias? Segundo a doutoura Tatiana Jerez, a radiofrequência tradicional não é indicada para estrias, já a radiofrequências microagulhada sim. Concorda com ela o dermatologista Jardis Volple: “As agulhas que penetram na pele mais a radiofrequência que atua internamente promovem um remodelamento mais intenso de colagem. Daí a técnica ser válida para as estrias vermelhas e também para as brancas”.
- Com tanta gente temendo agulhas, a radiofrequência pode uma substituta para algum procedimento injetável, como bioestimulador, preenchedor ou toxina botulínica? “Pela minha experiência, não acredito que a radiofrequência possa ser taxada como substituta de qualquer procedimento injetável. Acredito que ela seja uma boa aliada quando utilizada conjuntamente com os bioestimuladores de colágeno e todos os outros tratamentos que a gente tem no arsenal dermatológico. Agora, para quem não usa mesmo nada injetável, daí, sim, a radiofrequência pode ser uma boa alternativa. Mas é preciso trabalhar bem as expectativas do cliente para evitar problemas”, alerta a dermatologista especialista em medicina estética Geisa Costa.
- Qual a diferença entra as radiofrequências monopolar, unipolar, bipolar e multipolar? “A monopolar tem um eixo só de saída, ou seja, ela é liberada pela ponteira e tem um pad de retorno. Isso significa que ela passa, tem entrada e saída, e, com isso, penetra mais profundamente. A unipolar também penetra profundamente, mas emana para o ambiente por não ter o pad de retorno. Já a multipolar é uma variação da bipolar e ambas possuem dois polos na ponteira, um negativo e um positivo, que fazem um alça de radiofrequência promovendo uma penetração mais superficial”, resume o dermatologista Jardis Volpe.
- E como atuam cada uma destas radiofrequências? “Como a multipolar e a bipolar costumam ser mais superficiais, pegando mais a pele, elas são indicadas para quem tem menos gordura e não quer tratar a gordura, só flacidez. Agora, a unipolar e monopolar atuam tanto na superfície da pele, estimulando colágeno, quanto na compactação de gordura, sendo, portanto, bem indicadas também para casos de celulite”, diz Jardis Volpe.
- Para entender melhor, um rosto fino e com pouca gordura, por exemplo, poderia ser tratado com qual tipo de radiofrequência? “Em casos como este eu sempre opto pela radiofrequência bipolar, e isso tanto para tratar flacidez quanto para fazer a manutenção”, reforça Jardis Volpe.
- Se tanto a radiofrequência quanto o bioestimulador estimulam a produção de colágeno, qual o sentido de combinar essas duas técnicas? O dermatologista Jardis Volpe afirma que o bioestimulador e a radiofrequência trabalham os mesmos tipos de colágeno, o 1 e o 3; e esclarece: “A diferença é que, ao contrário da radiofrequência, o bioestimulador não vai trabalhar também uma certa compactação dos adipócitos. Por isso é que a escolha entre uma técnica e outra vai depender se, além de trabalhar a firmeza da pele, o paciente também precisa de compactação de gordura”. O dermatologista Enio Zyman complementa: “A radiofrequência oferece um estímulo físico que, por uma certa vibração, como se fossem micro-choquinhos, estimula as células que produzem o colágeno. Já os bioestimuladores são substâncias que injetadas localmente induzem a formação do colágeno por substituição, ou seja, elas vão sendo substituídas por colágeno como se fosse uma cicatrização. O uso simultâneo das duas técnicas consegue somar mais estímulo ainda e dar uma produção de colágeno bastante natural”.
- Quais são os erros mais comuns envolvendo o uso da radiofrequência para tratamento facial? “Não sei se é o mais comum, mas acredito que o mais complicado é eleger o tipo de radiofrequência errado para o perfil e a necessidade do paciente. Por exemplo, utilizar em pessoas com rosto muito fino a radiofrequência monopolar ou unipolar, que têm ação muito profunda e podem compactar a gordura e, como consequência, piorar a flacidez”, diz Jardis Volpe.
- Por que a radiofrequência é vista como um excelente tratamento de manutenção? “Pela minha experiência em consultório, a radiofrequência é uma ótima pedida quando já atingimos uma boa quantidade de colágeno na pele do paciente e queremos mantê-la”, conta Jardis Volpe.
- A paciente que tem uma pele bem tratada pode se favorecer da radiofrequência de alguma forma? “Com certeza!”, diz Jardis Volpe, que entrega: “A radiofrequência tem um efeito temporário imediato que é bem interessante, que faz com que ela seja legal para uma pessoa que já está com a pele tratada e vai para um evento, para uma festa. Isso se for feito em uma única vez”.
Radiofrequência dói? “De jeito nenhum. O paciente sente apenas um leve aquecimento, que chega a ser confortável e agradável. Além disso, não há downtime e a pessoa volta à sua rotina normal imediatamente logo após a sessão”, garante Jardis Volpe.