As causas do processo natural de envelhecimento ocasionam diversos efeitos em todas as camadas do rosto. A flacidez, por exemplo, ocorre em várias partes da face e é resultado de alterações apresentadas nos ossos, músculos, ligamentos e tecido adiposo. Assim como a degradação das fibras de colágeno, é uma das principais causas do
envelhecimento da pele.
Com a perspectiva de melhorar as marcas causadas por esse processo, a Ritidoplastia, também denominada lifting facial, tem sido utilizada como técnica cirúrgica contra o envelhecimento, reparando problemas como a flacidez. Assim como todo procedimento invasivo, é suscetível a riscos como dor, necrose da pele, lesão do nervo facial, cicatrizes, edema e complicações cardíacas e pulmonares. Diante desse quadro, os fios de sustentação se tornaram uma alternativa ao lifting cirúrgico, não sendo, entretanto,
considerados substitutos da Ritidoplastia.
O uso de fios não é uma técnica recente. Em 1964, foi desenvolvido o primeiro fio de sutura com garras, embora não tenha surgido com finalidade estética. Só a partir da década de 1970, eles começaram a ser utilizados na suspensão de tecidos. Em 1999, o médico e pesquisador russo Marlen Sulamanidze desenvolveu e patenteou o primeiro fio de sutura farpado, chamado APTOS (Sutura Antiptose). Foi feito com fios de polipropileno, não reabsorvível, com o objetivo de levantar o terço médio e jowls. A partir de então, diversas melhorias foram acontecendo até chegar à tecnologia atual.
Alguns pacientes submetidos ao tratamento com os fios não absorvíveis começaram a se preocupar com problemas em longo prazo. Por isso, aos poucos, estes foram sendo substituídos pelos fios absorvíveis. O fio de polidioxanona (PDO), entre os fios absorvíveis, é o mais utilizado. O PDO é um polímero que possui excelente flexibilidade e resistência mecânica, apresentando uma lenta degradação e permanecendo por mais de 240 dias no tecido. Com poucas complicações relatadas na literatura, o lifting com fios necessita de um curto tempo de recuperação, além de ser uma alternativa minimamente invasiva. A grande maioria dos pacientes relata sua satisfação com o resultado, optando pelos fios em contraposição ao lifting cirúrgico, mesmo ciente de que esse resultado será menos duradouro e mais modesto. Tavares (et al., 2017), concordando com o fato, afirma que os pacientes que escolhem o lifting facial com fios estão dispostos a resultados mais suaves, com exposição a riscos menores durante e pós-procedimento.
Os fios de PDO são indicados com frequência para a suspensão dos tecidos ptosados. Muitos estudos histopatológicos mostram as reações teciduais após a inserção deles na forma de fibrose e depósito de colágeno. Essa fibrose está relacionada com a remodelação e melhora na firmeza da pele.
Por se tratar de um polímero absorvível, o fio de PDO é degradado pelo organismo. Para Zanatti (2015), além do efeito lifting, o fio induz à formação de colágeno, permitindo o efeito prolongado, mesmo após sua absorção. Sobre essa questão, Lopandina (2018) relata que a degradação do fio pode ocorrer entre 180 a 240 dias, mas o efeito lifting dura por volta de 1,5 a 2 anos devido à neocolagênese.
Segundo Kusztra (2019), a degradação do fio ocorre através de um processo inflamatório gerado durante sua inserção. Ao inserir o fio na pele através de uma agulha ou cânula, é gerado um trauma que resulta nessa inflamação, estimulando a produção de um tecido reparador e iniciando a construção da neocolagênese. O fio, considerado pelo organismo como um corpo estranho, degrada-se por hidrólise, sendo absorvido e substituído por um tecido cicatricial composto de colágeno.
O sistema musculoaponeurótico superfcial (SMAS) é o plano correto para inserção do fio, por ser uma estrutura de suporte que conecta os músculos da expressão facial à pele, sendo utilizado também no lifting facial cirúrgico. A aplicação dos fios de sustentação facial é realizada em consultório clínico, por meio de anestesia local, e apresenta efeito imediato. Também é considerada, dentro da sua capacidade de reposicionar tecidos, como uma das poucas opções alternativas aos procedimentos mais invasivos.
Há diversos tipos de fios de sustentação no mercado, sendo os fios de polidioxanona (PDO) os mais eficazes para fins estéticos, atualmente. Eles se destacam por serem atraumáticos, possuírem alta biocompatibilidade com os tecidos humanos e não apresentarem caráter alergênico e piogênico. Além disso, possuem capacidade de absorção pelo organismo, pois se degradam lentamente, dando tempo suficiente para ocorrer síntese de colágeno e cicatrização tecidual.
Entre as várias especificações e tipos de fios disponíveis no mercado, os principais são:
Fios lisos: indicados para código de barras, pés de galinha, papada, glabela, cicatriz de acne, frontal, sulco nasolabial e marionetes. Ideais para melhorar a qualidade da pele, através do seu potencial de estimular o colágeno tipo 1 e tipo 3, e estruturar sulcos.
Fios parafusos: utilizado para grade de sustentação da face e pescoço. É destinado para áreas com sulcos e rugosidades. Em relação ao fio liso, ele é capaz de estimular duas vezes mais colágeno. Seu formato espiral aumenta sua área de contato e promove intenso estímulo de colágeno na região, podendo provocar uma leve volumização.
Fios espiculados: usados em rosto, no terço médio e terço inferior. No terço superior, pode ser utilizado para o arqueamento da sobrancelha e aliviar o excesso de tecido na pálpebra móvel superior. Também é indicado para a região do pescoço e para a rinomodelação. Os fios espiculados apresentam travas na forma de espículas bidirecionais que se assemelham com garras, promove tração de tecido ptosado e reposição de volumes faciais, realizando o lifting facial e maior indução de colágeno.
Um bom planejamento para aplicação de fios dependerá da necessidade de cada paciente, a saber: grau de flacidez, idade, processo de envelhecimento e peso do tecido e dos depósitos de gordura na face. Para os fios lisos, a técnica de hashtag, realizada pelo cruzamento dos fios uns sobre os outros, promove uma malha de fibras de colágeno, trazendo como resultado uma pele mais lisa e nivelada, melhorando rugas estáticas ou cicatrizes.
Para os fios espiculados, o planejamento é feito com base no sentido dos vetores de tração. Sua aplicação é realizada a partir de um pertuito pelo qual os fios são introduzidos por cânulas. O padrão de aplicação exige a inserção de, no mínimo, dois fios por pertuito (fios duplos). A amarração dos fios possibilita a tração almejada, que se firma por meio de um nó, sustentando o tecido ptosado e melhorando a definição do contorno facial.
Considerados como uma alternativa à ritidoplastia, os fios de PDO vêm apresentando importantes resultados para o rejuvenescimento facial, ainda que mais modestos se comparado ao lifting cirúrgico convencional. Seu uso também deve ser pensado a partir da associação com outros tratamentos, como toxina botulínica, bioestimulador e preenchimento. Nessa perspectiva, um recurso estético interage no sentido de potencializar o efeito do outro, proporcionando um resultado mais satisfatório e duradouro.
Um planejamento estratégico e eficaz para aplicação de fios de PDO pressupõe uma avaliação criteriosa, onde seja possível analisar as necessidades de cada paciente, de acordo com o grau de envelhecimento e com as expectativas pessoais. Vale ressaltar que a aplicação gradativa dos fios pode apresentar mais conforto e segurança no processo de recuperação, além de trazer menos riscos de reações adversas. É importante que atentemos para o fato de que intercorrências podem ocorrer e, por isso, precisamos estar aptos a prevenir e solucioná-las. Igor Henrique @igorhenrique_estetica conta com três formações, Estética, Enfermagem e Biomedicina, além de três pós-graduações, Estética Avançada, Saúde Estética e Estética Dermatológica, e é apaixonado por cuidar das pessoas.