Um retrato de força, foco e determinação nas ações de empresas e profissionais do setor da beleza na reconstrução da história gaúcha – e de suas próprias trajetórias
Carmen Cagnoni @carmencagnoni
Ainda geram incredulidade, em quem reside distante dos fatos, muitas das fotos mostrando os estragos causados pela maior enchente na história do Rio Grande do Sul. Imagine para quem viveu tudo isso na pele, na mente, no coração, na casa, nos negócios construídos ao longo de uma vida.
O tempo passa, a vida segue… É verdade! E as pessoas precisam trabalhar; as indústrias, produzir; o comércio necessita vender; e o setor de serviços oferecer o seu atendimento. Porém, até o óbvio cria vontade própria pós-enchentes que ultrapassaram os limites imagináveis. E voltar à rotina de antes pode ser o maior desejo, o principal objetivo, mas demanda tempo… e muito empenho de todas as partes envolvidas: governo, empresas, população.
A solidariedade do povo brasileiro, de norte a sul, foi posta à prova ao longo dos meses, e passou com louvor, mas cada profissional, empresário ou empreendedor sul-rio-grandense – micro, pequeno ou grande – sabe que é preciso ‘voltar a caminhar com as próprias pernas’. E é o que esse povo aguerrido tem feito.
Doses de realidade
É fato que retomar ao patamar anterior aos eventos devastadores não é uma tarefa fácil e rápida para a maioria. Dados da pesquisa Impactos das Enchentes no Rio Grande do Sul no Setor da Beleza realizada pelo Sebrae-RS, em maio, apontam o cenário desafiador:
* 71% dos pequenos negócios foram afetados e ficaram sem operar ou com as suas operações reduzidas.
* Mais da metade dos pequenos negócios do setor alegaram ter sido muito impactados com a catástrofe climática. Dados consolidados mostram: 64% foram muito impactados; 32%, parcialmente impactados; 3%, pouco impactados; 1%, não foi impactado.
* A maior parte dos negócios da Beleza (86%) não possui seguro para cobrir possíveis perdas ou danos.
* 52% dos gestores dos pequenos negócios estão pessimistas ou muito pessimistas sobre o desempenho futuro de seus negócios nos próximos meses.
A pesquisa também apontou quais são as prioridades empresariais em uma escala de um a dez: |
1. Acesso a crédito |
2. Postergação de impostos |
3. Renegociação de créditos |
4. Postergação de dívidas |
5. Gestão e operação |
6. Folha de pagamento |
7. Reposição de estoque |
8. Conserto ou aquisição de equipamentos |
9. Reformas estruturais |
10. Ajuda psicológica |
Olhar com direção certa
Em meio a tantas necessidades emergenciais, o Sindicato da Beleza e da Estética do Rio Grande do Sul (Sinca-RS), contando com auxílio do Sebrae, mapeou os profissionais atingidos por essa tragédia e chegou a mais de 1.500 mil cadastrados, entre autônomos e proprietários de estabelecimentos.
“Esse mapeamento foi importante para trabalharmos com dados concretos, reconhecendo onde de fato poderíamos ajudar de forma assertiva. O cadastramento foi feito de forma on-line, proporcionando informações reais das perdas de cada profissional, de cada negócio. Os resultados foram enviados para o Gabinete de Crise criado pelo Governo Federal e se juntou a outros levantamentos realizados por outras instituições. As informações deram origem a muitas conversas sobre as ações a serem adotadas. Também pleiteamos junto ao governo um auxílio emergencial para a categoria, mas até o momento não obtivemos resposta positiva”, detalha Marcelo Chiodo, presidente do Sindicato.
A entidade realizou diversas atividades em prol de arrecadar doações, como cestas básicas e até móveis e materiais de trabalho para os profissionais que perderam tudo. Uma equipe avalia os dados cadastrados para ter visão clara sobre as necessidades de cada um, antes do envio dos donativos.
Outro caminho importante foi aberto pelo Sebrae para auxílio aos negócios afetados: Sebraetec Supera é uma consultoria de recuperação de pequenas empresas atingidas pelas enchentes. No programa, os consultores traçam um plano de ação para reabertura do negócio, fazem um levantamento de todos os reparos que a empresa necessita e o Sebrae ajuda nessa reconstrução com reembolso de parte dos custos. Isso varia de acordo com a necessidade e a categoria de cada negócio, tendo como limites: MEIs, reembolso máximo de até R$ 3 mil; MEs, reembolso máximo de até R$ 10 mil; EPPs, reembolso máximo de até R$ 15 mil. É importante ressaltar que o programa tem vagas limitadas, portanto o benefício está sujeito à disponibilidade. Outras informações estão disponíveis no site www.sebraers.com.br.
A união fez (e faz) a força
É unanimidade entre todos os afetados pelo evento climático, que a solidariedade do povo gaúcho e de brasileiros de norte a sul do país foi vital desde o primeiro instante – e continua a ser – por meio da doação de itens básicos, em um primeiro momento, a outros materiais de trabalho, equipamentos etc.
Em meio a tantas ações solidárias em prol de quem necessita de apoio para recomeçar, a Liga da Estética @ligadaesteticaoficial, por exemplo, surgiu em forma de solidariedade e preocupação coletiva de profissionais estetas de todo o país. A ação teve início com Laiany Dantas @la_dantas, especialista em pós-operatório e gestão e mentora de profissionais estetas, que movida pelos impactos das enchentes na região sul, lançou um apelo em um grupo de profissionais, propondo uma união para ajudar aos colegas afetados. Assim, o Brasil se uniu, bem como empresas de dermocosméticos, eletroterapia, organizações de ensino e publicações científicas do setor participando ativamente das ações.
O amparo do início não deve cessa, uma vez que os efeitos negativos da calamidade devem prevalecer por um tempo, segundo analistas. Assim, muitas empresas, profissionais e cidadãos continuam engajados em movimentos por todo o país a fim de ajudar quem precisa recomeçar.
Vencendo obstáculos dia a dia
Maria Alves @marialaves.esteticaemicro, micropigmentadora de sobrancelhas e lábios, graduada em Educação Física, Estética e Cosmética, montou sua clínica na cidade de Canoas – muito atingida pelas chuvas. “Tenho uma história de vida de resiliência, por isso muita gente diz que sou guerreira, especialmente minhas clientes. Mas o que passamos (e estamos passando) é muito triste e doloroso. Eu era funcionária pública na área de Educação, me formei em Estética, pedi exoneração e abri meu espaço de Estética em 2023, com tudo o que eu queria. E da noite para o dia eu perdi tudo… Muitos dizem, ‘logo você estará bem’, mas sabemos que não é assim, porque tudo o que conquistamos não aconteceu em um dia, levou a vida toda. Além da Estética, eu perdi minha casa; meus filhos perderam seu negócio também. Ficamos dois meses sem renda, e com o auxílio de R$ 5 mil recebido do governo, investimos na reforma da casa – no que deu para fazer”.
Para ganhar um pouquinho de fôlego no reinício, Maria elaborou vouchers de procedimentos para uso até o final do ano, essa foi a maneira encontrada para receber ajuda de clientes e amigos que não foram afetados pelas enchentes. “Agradeço demais às clientes que me auxiliaram nesse processo, foram elas que me deram a mão em um momento no qual eu nem sabia quando voltaria a atender, mas elas compraram os cupons de créditos, confiaram em mim como sempre.”
Ela também pode contar com o apoio de uma cliente fisioterapeuta, que cedeu espaço em sua clínica para Maria atender em dois dias da semana. “Agora, pretendo atender em casa, que está minimamente pronta. Faltam muitos materiais, porque para trabalhar com micropigmentação e microagulhamento é necessário investimento, pois os materiais são mais caros e meus equipamentos queimaram. Então, vou começar com sobrancelhas, cílios e limpeza de pele, os demais tratamentos eu precisarei esperar para voltar a realizá-los”, relata.
“O que a água levou da gente, o dinheiro nunca vai comprar, fotos antigas, meu figurino de bailarina, coisas carregadas de sentimentos. É claro que sou grata pela minha vida e a dos meus filhos, do marido, da família, dos amigos. Mas também há sentimentos pelas coisas que conquistei, comprei. Não é questão de pensar em dinheiro, mas no sentimento da noite para o dia não se ter nada… É surreal… Aqui, muitos perderam o ganha-pão… Por isso, é muito difícil deixar tudo para trás. Somos milhares afetados, converso diariamente com muitos, cada um com sua dor, suas perdas, seus medos do futuro, e cabe a cada um o seu sentimento, devemos ter sempre a motivação para seguir, mas com empatia, realismo, respeito e humanidade, para sermos capazes de nos ajudar uns aos outros e recomeçar.”
Refazendo a própria história
Distante apenas 19 quilômetros de Canoas, a cidade de São Leopoldo também foi invadida pelas águas. Localizada no centro da cidade, a três quadras do Rio dos Sinos, a Estética Sunshine @esteticasunshine487, de Rafaela Silveira, fechou no dia 3 de maio e só reabriu as portas no dia 20. Ela e sua equipe conseguiram salvar muitas coisas antes da água invadir o local. “Levei muito material para casa, embalei outros em sacos de plástico, a parte mais afetada foi o térreo, mas consegui salvar equipamentos de trabalho, eletrônicos, computadores. As maiores perdas foram de móveis, mas só posso agradecer, porque eu digo que não perdi nada em comparação a tantas outras pessoas”.
A restauração do local segue devagar, mas ela já conseguiu reabrir o negócio e voltar a atender. “Alguns móveis puderam ser restaurados e as obras necessárias no imóvel demandam tempo e recursos, pois como a procura é grande, os valores dos serviços estão elevados. Estou fazendo o que é possível no momento, a reconstrução é um processo demorado, mas minha prioridade é deixar o lugar ainda mais bonito que antes, pois minhas clientes – e a minha equipe – merecem isso”, afirma.
Mesmo que o desejo seja proporcionar o melhor ambiente e atendimento, Rafaela entende que é preciso se precaver: “Quando voltei a atender, eu estava com muito medo, pois comparei a fase com a da pandemia de Covid-19, que foi horrível e com consequências que ainda afetavam o movimento. Então, estava com receio, pensei que teria de fechar, porque não recebi desconto nenhum no aluguel, por exemplo, e tive de me virar para pagar todas as despesas fixas. No entanto, nesse primeiro momento, o movimento para o meu trabalho como cabeleireira, que eu realizo também, está muito bom, me surpreendendo. Assim, estou refazendo o meu caixa e não deixo de realizar promoções e campanhas para arrecadar fundos e reerguer totalmente o negócio o mais rapidamente possível”.
Reflexos também no virtual
Sanmara Cardoso Ruskowski é empreendedora, tem uma loja digital que comercializa produtos de beleza, criada em 2020. O negócio iniciado com uma pequena caixa de produtos cresceu dia a dia e hoje a San Makeup @_sanmakeup vende itens de maquiagem e skincare via on-line. Mesmo não tendo enfrentado a força das águas invadindo seu comércio, a microempreendedora encarou dificuldades em seu negócio virtual, pois não conseguia enviar pedidos feitos on-line por falta de meios de transporte, nem atender clientes próximos, devido à falta de combustível na região. As vendas também caíram bastante, uma vez que as pessoas estavam dando prioridade à compra de itens básicos.
Os impactos financeiros foram grandes, pois ela precisou paralisar o trabalho durante muitos dias, desativando os dois sites comerciais que mantinha. Atualmente, está retomando e tentando reconquistar clientes perdidos. A maior dificuldade é tentar se reerguer e trazê-los de volta, além de impulsionar as vendas, que continuam em queda. “Creio que levará um tempo até tudo se ajeitar, e como fiquei praticamente 30 dias sem movimentar a loja, levarei tempo para retomar o movimento como era antes. Mas não vou desistir. Vou continuar trabalhando para resgatar antigas clientes e conquistar novas!”
Diferentes cenários de uma tragédia
Há empresas que não sofreram impactos negativos em suas estruturas, linhas de produção ou estoque, mas também encaram as consequências da enchente. Outras precisarão recomeçar da base.
Key West Rayz @keywestrayz
O grupo que está há 20 anos no mercado de bronzeamento saudável, logo se engajou no voluntariado para atender necessidades da população gaúcha e abraçou uma campanha defendendo o esforço coletivo para trazer alívio e esperança às comunidades afetadas.
“Nossa empresa não sofreu danos estruturais ou perdas de equipamentos ou materiais, pois a água não chegou à nossa sede, mas em 80% dos dias de maio, não conseguimos embarcar nada, não tivemos faturamento em função da falta de transporte aéreo ou terrestre, com isso nossas vendas praticamente não aconteceram nesse período. Outro problema muito sério: cerca de 30% dos nossos funcionários não trabalharam em maio, ou em função de dificuldade de locomoção ou porque tiveram suas casas inundadas ou, ainda, por estarem auxiliando os familiares e amigos, uma vez que o foco estava em pessoas ajudarem umas às outras no momento da maior catástrofe da história, não só do Rio Grande do Sul, mas do Brasil”, conta Davino Jacoby,fundador e CEO da Key West Rayz e da SempreVerão.
De acordo com ele, cerca de 20% dos clientes da empresa estão localizados no Rio Grande do Sul. “Praticamente, 80% de todos os negócios de estética, estúdios e salões de beleza foram atingidos direta ou indiretamente. Então, há desde as pessoas que têm uma condição financeira muito melhor, que têm uma estética de um milhão de reais com equipamentos top, àquela que investiu 10, 15 mil reais e trabalhava há 15, 20 anos no seu espaço, buscando o ganha-pão do dia a dia. A maioria praticamente perdeu tudo. A questão é ‘como vou recomeçar’, porque tudo isso não acontece de um dia para o outro. É preciso, além de uma energia muito positiva para limpar o local, olhar que aquela tua história, construída durante anos, foi totalmente perdida. E há também a questão financeira para a retomada, para mim é muito triste e angustiante ver toda essa situação”.
Como empresa, a Key West Rayz adotou algumas ações para mitigar os impactos negativos para seus clientes, como doações de produtos e suporte técnico de equipamentos. “E, principalmente, procuramos dar apoio moral, pois todos precisam neste momento de apoio psicológico, além de financeiro, claro, para dar continuidade à vida. Não tenho dúvidas de que o lado humano, psicológico, de você estar preparado para retomar, eu diria ser uma das maiores dificuldades que as empresas vão enfrentar”, pondera Davino Jacoby.
Com o cenário desafiador, a partir de junho, a Key West remodelou o planejamento estratégico para este ano, e também para o próximo. “Acreditamos que as consequências se darão para além de 2024. Os efeitos negativos em termos de faturamento para nós e para as empresas que foram atingidas pedem novo planejamento para o período. Em um primeiro levantamento, acreditamos que para o ano nós teremos um resultado em torno de 25% menor de faturamento se comparado à nossa expectativa anterior”, analisa.
D´Água Natural Cosméticos @daguanaturalcosmeticos
Localizada em Porto Alegre, teve suas instalações severamente afetadas pelas enchentes, que destruiram maquinários, móveis e todo o estoque de produtos. “Imagine… Nós saímos da empresa na sexta-feira, dia 3 de maio, ao meio-dia, devido ao alerta sobre as chuvas, esperando voltar na segunda-feira para limpar o local. Retornamos somente um mês depois. Nossa empresa tem dois andares, no superior fica todo o setor administrativo, marketing, vendas; e no inferior está a fábrica propriamente dita, com recebimento de insumos, produção, expedição. O térreo foi totalmente atingido e ficou durante cerca de 30 dias com água a um metro e meio, relata Denise Rochadel, fundadora e CEO.
As perdas foram enormes: insumos, equipamentos, mobiliário, produto acabado (até a elaboração desta matéria, Denise ainda não tinha uma lista fechada de todos os itens perdidos ou danificados). Como estratégia de recomeço, o primeiro passo foi limpar e higienizar a área que abriga os produtos acabados: “Focamos nesse local porque estamos mandando produzir com terceiros, e ele precisa estar limpo para receber essa produção, que visa atender vendas já feitas e futuras. Nós estamos trabalhando para colocar a indústria em pé novamente, e enquanto isso nós estamos produzindo com terceiros para conseguir atender à demanda de mercado que existe, sim. A D´Água Natura faz 37 anos em julho, foi pioneira em produtos para massoterapeutas e esteticistas, e vamos reconstituir a fábrica. Eu entendo que embora seja um processo muito difícil e muito doloroso, também devemos aproveitar este momento para realizar algumas mudanças a fim de tornar o negócio cada vez mais inserido no mercado nacional. Também estamos nos preparando para o mercado internacional, claro que não é o momento ideal, mas muitas coisas estão surgindo e vamos aproveitar essas oportunidades”, avalia.
Denise faz questão de ressaltar o apoio recebido de clientes, fornecedores, parceiros e até de concorrentes da marca, que entraram em contato oferecendo auxílio. “Isso foi muito bacana, pois o apoio que recebemos nos deu muita força para seguir em frente. Toda a minha equipe, apesar de fragilizada, também está me apoiando muito e sendo muito parceira. Eu sei da minha responsabilidade com os meus funcionários e busco e procuro tranquilizá-los, mostrando que o negócio vai continuar e juntos vamos conseguir. Essa nossa sintonia está sendo muito importante, essa confiança mútua é fundamental”, ressalta.
Medical San @medicalsanbr
Ainda que tenha vivido dias tão impactantes, a empresa alcançou sua supermeta comercial, demonstrando resiliência e comprometimento. Com sua matriz localizada na cidade de Estrela, e filial em Lajeado, desde o início dos problemas, reforçou o seu compromisso com os colaboradores e com a comunidade local.
“Nós estamos ajudando desde o primeiro momento a todo o Vale do Taquari, especialmente aos colaboradores e seus familiares, diante desta grande tragédia. Acreditamos que para seguirmos fortes e realmente ajudar e fazer a diferença na reconstrução de toda a região, seguir produzindo, cumprindo os prazos e realizando as entregas em todo o Brasil é fundamental”, destaca Mauro dos Santos Filho, CEO e presidente do Grupo Medical San.
A empresa reiterou o compromisso com seus valores e com a comunidade: “Acreditamos que união é isso, correr ainda mais por quem não pode estar conosco neste momento, fazer mais com menos, transformar a dor em motivação, solidariedade e reconstrução”.
De acordo com o CEO, o retorno das atividades só foi possível graças ao esforço conjunto de todos os colaboradores e parceiros estratégicos da empresa. “Com o esforço do nosso time incrível de colaboradores e parceiros estratégicos, nossos prazos de produção foram cumpridos e as entregas realizadas em todo o Brasil. Seguir forte para seguir ajudando, com fé em Deus e colocando as pessoas sempre em primeiro lugar. É assim que iremos mais uma vez reconstruir nossa região e nosso estado”.
BOX: Selo Ajude as Empresas Gaúchas
Criado com o intuito de revitalizar o comércio e apoiar empreendedores do sul do Brasil, a iniciativa incentiva consumidores a preferirem produtos da região, fortalecendo a economia local e gerando empregos. Criado por empresários de Gramado, o selo é um facilitador para consumidores em todo o Brasil identificarem que o produto adquirido foi feito por gaúchos, dando preferência a eles. Desta forma, movimentam um ciclo de aumento de produção, ajudando na preservação e na criação de postos de trabalho.
A iniciativa convida empresários gaúchos a aderirem, incorporando o selo em seus produtos e serviços. Cada transação, desde em pequenos mercados locais até em grandes indústrias gera tributos que financiam serviços públicos essenciais. “É um ciclo virtuoso que mantém a economia ativa e beneficia toda a sociedade”, explica Rochele Silveira, diretora do Kurotel @kuroteloficial, Spa médico localizado em Gramado. O objetivo é tornar a iniciativa conhecida em todo o Rio Grande do Sul e, eventualmente, em todo o Brasil: “Assim, os consumidores de qualquer estado brasileiro podem contribuir preferindo produtos e serviços com este selo, seja numa loja física ou virtual”.
A Kur My Home Spa @kurmyhomespa, marca de cosméticos gaúcha, é uma das participantes. Além dessa iniciativa, também segue contribuindo com doações, arrecadações e entregas de kits de higiene para os afetados. Outras grandes redes também aderiram ao selo e participam de várias iniciativas solidárias, oferecendo suporte logístico, financeiro e donativos, além de incentivar seus fornecedores e parceiros a se unirem nessas ações, que ajudam a recuperar a economia local e preparam o estado para enfrentar futuras adversidades com maior robustez e resiliência. Com o apoio de diversas entidades e empresas, a iniciativa visa criar uma rede de cooperação que fortalece a economia regional e demonstra a capacidade de superação dos gaúchos.
BOX: Atenção redobrada com a saúde mental
A importância da abordagem sobre saúde mental tem tomado cada vez mais espaço em congressos médicos, na mídia e também no RH das empresas. Fato é que quem vivenciou uma situação tão trágica, pode apresentar sintomas de ansiedade, depressão, burnot e transtorno de estresse pós-traumático. O tema deve se tornar ainda mais importante para as empresas gaúchas que contam com funcionários impactados pelas enchentes.
Os efeitos negativos da tragédia climática na saúde mental das pessoas passaram a ser investigados por pesquisadores do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com apoio da Rede Nacional de Saúde Mental (Renasam). O levantamento teve início em meados de maio e a análise utiliza ferramentas para rastreio diagnóstico validadas no Brasil e no exterior. O objetivo é compilar dados fundamentais para o embasamento de iniciativas públicas, bem como para o treinamento de profissionais, a fim de oferecer suporte clínico a quem necessita. Com coordenação da psiquiatra Simone Hauck, professora da UFRGS, a ideia dos pesquisadores é realizar este acompanhamento da população gaúcha durante um ano, no mínimo, com divulgação de dados parciais a fim de contribuir com o planejamento de ações voltadas à saúde mental.