Nestes tempos digitais, atire o primeiro mouse quem nunca questionou a utilidade real de estar em todos os lugares e fazer contatos. Tem horas que a gente cansa mesmo e se pergunta se aquilo vai ajudar na carreira, nas finanças, na vida! Aqui vai a resposta – embasada por quem entende do negócio: SIM! A seguir, um verdadeiro manual do networking
Caio Camargo @camarcamargo
Em uma cena clássica do filme O Poderoso Chefão, Don Corleone, o chefe da Máfia, interpretado pelo ator Marlon Brando, não deixa dúvidas na conversa com o subordinado: “para cada favor prestado, um dia vou te pedir, certamente, algo em troca”. Essa forma de networking “na marra” já deve ter sido abandonada até pela maioria dos mafiosos. Decididamente, essa não é a forma mais eficiente de se conectar com as pessoas. Esqueça aquele amigo interesseiro que aparece na festa sem levar sequer uma bebida, mas não caminhe rumo ao extremo oposto de nunca querer incomodar os outros. Não há nada errado em pedir ajuda nas horas difíceis. Somos seres humanos, que, efetivamente não vivemos sozinhos.
A nova forma de criar e melhorar redes de contato envolve métodos tradicionais e até ferramentas online. Frequentar eventos da área de Estética, por exemplo, ainda tem um peso importante. A especialista em marketing de influência e branding, Adelaide Paiva, @adelaidepaiva, afirma que embora as dinâmicas tenham evoluído com o avanço das tecnologias, eventos presenciais continuam sendo fundamentais para estabelecer conexões significativas e construir relacionamentos sólidos no mundo profissional. “A interação face a face proporciona uma oportunidade única para a troca de experiências, além de compartilhar conhecimento e construção de confiança, elementos essenciais para o networking eficaz”, resume.
Nunca é tarde para lembrar que o verbo pedir geralmente coloca seu agente em posição de vulnerabilidade, mas não chega a ser um problema. Vivemos todos dentro de uma espécie de “barco social”. Solicitar uma conexão no Linkedln, uma indicação para vaga de emprego ou até mesmo uma reunião individual com alguém de relevância do seu setor pode até gerar ansiedade, medo e timidez. Nessas condições, quem nunca ouviu aquela tradicional frase: “o não a gente já tem!”.
A expert em comunicação e branding de saúde, beleza e bem-estar, Marta Rovella, @martarovella, vai além ao dizer que até aquele cafezinho presencial nunca sai de moda e pode facilitar muitas ações, se revelando uma importante ferramenta de networking. “Acho que nada substitui esse cafezinho olho-no-olho. Nada. E não tem uma pessoa por mais importante que ela seja, qualquer presidente de companhia, se você falar para a secretária dele, e disser que gostaria de tomar um café, tem um projeto e gostaria de ouvir a opinião deste executivo, por mais ocupado que essa pessoa seja, ela vai dar um jeito de te receber por cinco minutos. Comece sempre por e-mail, por mensagem, eu gostaria de falar… Nada substitui o contato humano. A pessoa perceber que você tem interesse. Ninguém se recusa. Impressionante. As pessoas acham: mas ele nunca vai me receber! Tenta. Pode demorar, mas acaba acontecendo”, pondera.
Insistência, senso de oportunidade, e até o “semancol” para saber exatamente quando dar um tempo nos pedidos. O networking moderno não é somente aceitar convites para encontros enfadonhos e depois se sujeitar a follow ups inconvenientes de pessoas interesseiras. Na verdade, acessar as pessoas com intenção puramente comercial pode inclusive prejudicar reputações. Quanto mais nos conectamos e conversamos maiores são as chances de sucesso. Amplie isso para o mundo virtual: invista no web networking.
Web networking: ferramenta útil
Os relacionamentos virtuais conseguem expandir as fronteiras, permitindo conexões com profissionais ao redor do mundo de maneira rápida e acessível. “No entanto, é importante lembrar que é essencial equilibrar o contato virtual com interações pessoais, pois o contato direto ainda proporciona um nível de confiança e empatia que podem ser mais difíceis de alcançar através das telas”, diz Adelaide Paiva.
O que não pode ser deixado de lado: evite fazer algum pedido logo no primeiro contato. Muitas pessoas ficaram exaustas de lives, reuniões e encontros online. Mas é inegável o impacto do relacionamento virtual. A recomendação dos especialistas é sempre aproveitar o potencial das mídias. “Redes sociais se tornaram uma realidade hoje; viraram um portfólio seu. Você tem que primeiro se posicionar como quer ser visto nas redes sociais, ou seja, ter diferentes perfis: pessoal e profissional. Como você quer ser visto no mercado? Eu acho que é muito importante você ser visto como alguém autêntico. As empresas procuram isso: autenticidade. O mercado deseja isso: pessoas que tenham conteúdo. Por isso, é importante você usar a rede social pra contar suas novidades, falar o que está fazendo, aprendendo. Não se esqueça do Linkedln, pois se trata de uma boa ferramenta para falar com seus pares e com pessoas que te interessam pra chegar mais próximo delas”, argumenta Marta Rovella.
Outra preocupação que costuma surgir no mercado de trabalho é o fato de não associarmos a palavra doação com sucesso. Seja a doação do nosso tempo, reconhecimento ou até mesmo dinheiro. Justamente por isso, o livro “Dar e Receber”, de Adam Grant, lançado há mais de dez anos, continua tão atual. Na obra, Grant, um dos estudiosos mais conhecidos na área de Recursos Humanos, estabelece três categorias: os doadores (que oferecem ajuda e suporte de maneira proativa) os compensadores (que adotam a reciprocidade na troca de favores e gentilezas) e os tomadores que normalmente agem de forma oportunista. Para Adam Grant, aqueles que buscam intensificar o networking, têm basicamente uma mescla dos três atributos citados. Mas os que chegam mais longe são os doadores, que dão o seu melhor aos outros, sem reservas nem exigências.
Na verdade, o que devemos nos perguntar sempre é “como posso ajudar essa pessoa ou com quem posso conectar esta pessoa para que ambos se beneficiem desta nova relação”? A reciprocidade tem o poder de construir confiança formando conexões significativas e duradouras. Networking hoje faz parte do trabalho: fazer-se útil, entregar algo importante, desenvolver um papo, estabelecer uma ponte. E, principalmente, sair da zona de conforto para conseguir novos ares, enfrentar outros desafios.
No ramo da Estética, é essencial participar de eventos do setor (feiras, congressos e workshops). Nesses locais é possível conhecer mais colegas de profissão, fornecedores e potenciais clientes”. “Mas não esqueça de utilizar as redes sociais de maneira estratégica para compartilhar casos de sucesso, dicas de cuidados com a pele, vídeos demonstrativos”, assegura Adelaide Paiva.
Interagir com seguidores interessados pode ser uma excelente forma de expandir o networking e atrair novos clientes. “Abra o seu Universo. Claro que a reciprocidade é fundamental. Você tem de “trocar” com quem vai “trocar” com você também, isso é muito importante. Mas você deve manter- ou iniciar- o contato com a indústria, além daquele com outros profissionais da área Estética. Não precisa necessariamente ser esteticista; pode ser médico, enfermeira, fisioterapeuta. É importante abrir leques. Mantenha sempre o interesse nas pessoas. Tenha curiosidade em saber como age um dermatologista, como escreve, o que faz uma influencer da área de beleza e nesse caldeirão todo achar o seu próprio estilo e conseguir novas oportunidades”, finaliza Marta Rovella.
FRASES
“A interação face a face proporciona uma oportunidade única para a troca de experiências, além de compartilhar conhecimento e construção de confiança”
Adelaide Paiva
“Nada substitui aquele cafezinho presencial. Nem o executivo mais ocupado se recusa. É impressionante. Tenta. Pode demorar, mas ele acabará te recebendo”
Marta Rovella
” Não esqueça de compartilhar as redes sociais para compartilhar casos de sucesso, dicas de cuidados com a pele e vídeos demonstrativos”
Adelaide Paiva
“Abra seu Universo. Tenha curiosidade em saber como age um dermato, uma influencer e encontre seu estilo próprio, conseguindo novas oportunidades” Marta Rovella
