As possibilidades da harmonização orofacial

Também conhecida pela sigla HOF, a especialidade oferecida por cirurgiões dentistas permite realizar uma série de tratamentos que focam na harmonia entre sorriso e face, buscando o equilíbrio funcional e estético – um trabalho complexo e com muitas oportunidades, conforme você confere a seguir.

Shâmia Salem @shamiasalem

1 – Por lei, o dentista pode mesmo fazer a chamada harmonização orofacial?

Em 2019, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) regulamentou a harmonização orofacial como especialidade odontológica de competência do Cirurgião Dentista. Também conhecida pela sigla HOF, a prática está normatizada pela resolução CFO 198/2019, que foi complementada pela resolução CFO 230/2020.  Para obter o título de especialista, o curso deve ter carga horária mínima de 500 horas, além de disciplinas obrigatórias que envolvem o estudo de fisiologia, anatomia, farmacologia, procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos, laserterapia, preenchedores e indutores de colágenos, entre outros conhecimentos da área.

2 – Afinal, o que é harmonização orofacial?

“Trata-se de uma técnica que, por meio da análise das estruturas da face, do sorriso e da arcada dentária, une procedimentos que são selecionados de forma personalizada para equilibrar e harmonizar todas as regiões do rosto”, resume a cirurgiã dentista Taisa Malaman, especialista em harmonização orofacial, professora coordenadora de HOF e fundadora do Instituto Simetrí. Ela completa: “Em termos gerais, a harmonização orofacial é uma especialidade odontológica que envolve procedimentos estéticos e funcionais nas estruturas da face, incluindo os tecidos moles, como lábios e gengivas, os músculos faciais e as estruturas ósseas relacionadas à boca e à face. Portanto, os procedimentos realizados por um cirurgião dentista nesse contexto são limitados àquelas áreas e suas adjacências”.

3 – Qual a diferença entre a harmonização orofacial e a harmonização facial?

Não se trata apenas de uma questão de nomenclatura. Isso porque a harmonização facial tem como principal objetivo trabalhar em pontos do rosto para criar um equilíbrio estético facial. A harmonização orofacial também busca modificar algumas partes da face em busca da melhora da simetria e da estética, a diferença é que, para isso, ela contempla também a harmonização do sorriso do paciente. “Daí a HOF também incluir o clareamento dental, o tratamento ortodôntico e a colocação de implantes dentários, entre outros”, diz a cirurgiã dentista Danielle Espíndola, especialista em harmonização orofacial.

4 – Quais procedimentos abrangem a harmonização orofacial?

Segundo o Conselho Federal de Odontologia, para realizar o tratamento o profissional pode fazer uso de toxina botulínica, preenchedores faciais e agregados leucoplaquetários autólogos na região orofacial e em estruturas anexas e afins. Também abrange ao cirurgião-dentista fazer a intradermoterapia e o uso de biomateriais indutores percutâneos de colágeno com o objetivo de harmonizar os terços superior, médio e inferior da face, na região orofacial e estruturas relacionadas anexas e afins. É permitido ainda realizar procedimentos biofotônicos e laserterapia, na sua área de atuação e em estruturas anexas e afins; realizar tratamento de lipoplastia facial, através de técnicas químicas, físicas ou mecânicas na região orofacial, técnica cirúrgica de remoção do corpo adiposo de Bichat (técnica de bichectomia) e técnicas cirúrgicas para a correção dos lábios (liplifting) na sua área de atuação e em estruturas relacionadas anexas e afins.

5 – Quais alterações na região dos lábios e do sorriso a harmonização orofacial é capaz de corrigir e harmonizar?

De acordo com Taisa Malaman, são várias as possibilidades, entre elas preenchimento labial, para aumentar o volume dos lábios ou corrigir assimetrias; e redução de rugas periorais, com suavização das linhas conhecidas como código de barras através de técnicas de preenchimento e uso de toxina botulínica. “Com a HOF também é possível fazer a correção de sorriso gengival, para diminuir a exposição excessiva da gengiva ao sorrir; e realizar a reconstrução de linha do sorriso, com o objetivo de melhorar a harmonia entre os lábios e a linha do sorriso, aquela que define quanto dos dentes e quanto da gengiva estão à mostra quando o paciente sorri”, lista a especialista.

6 – O tratamento do bruxismo pode ser incluído na harmonização orofacial?

Com certeza. E não só o bruxismo, mas outras condições podem ser tratadas na HOF, entre elas as distonias faciais, como espasmos musculares da face, a hipersalivação e a hipertrofia em um dos lados do rosto, que deixa a pessoa com um dos lados do lábio menor e um dos olhos com aspecto de mais fechado. “No caso específico do bruxismo e do apertamento dental, a aplicação de toxina botulínica relaxa a musculatura e evita que a pessoa force demais a região, prevenindo danos nos dentes e na articulação temporomandibular bem como dores causadas por esse mau hábito”, diz Taisa Malaman.

7 – É verdade que o lábio leporino também pode ser tratado com harmonização orofacial?

“Sim, já que é possível auxiliar quanto a essa questão por meio da técnica de preenchimento labial com melhora da aparência e da qualidade de vida do paciente”, afirma a cirurgiã dentista Taisa Malaman.

8 – Como a harmonização orofacial pode favorecer o restante da face?

Taisa Malaman diz que a especialidade pode ser utilizada para melhorar o contorno facial, com o uso de preenchimentos para definir e realçar as maçãs do rosto, o queixo e a mandíbula. Outras possibilidades incluem tratar assimetrias faciais, para corrigir desequilíbrios na simetria facial; e suavizar linhas de expressão e rugas ao redor dos olhos e na testa com aplicação de toxina botulínica.

9 – Quais métricas são usadas para desenhar um plano de harmonização orofacial?

“O ideal é fazer um planejamento de acordo com cada paciente, unindo a visão estética do belo com as queixas e incômodos apresentadas pela pessoa bem como suas proporções faciais. Assim, as correções e a harmonização podem ser feitas respeitando os traços originais do rosto, buscando os pontos de equilíbrio e tendo como resultado uma aparência de naturalidade. É preciso lembrar que algumas regiões não devem ser modificadas e que muitas vezes é possível aperfeiçoar algumas características para melhorar as proporções faciais”, explica a cirurgiã dentista Taisa Malaman.

10 – Muitos pacientes ficam na dúvida sobre a melhor hora de fazer uma harmonização facial; quais os sinais de que é o momento certo?

“A ideia é que a HOF seja realizada quando a pessoa se sentir insatisfeita com a aparência. Então, à medida que ela passa a se incomodar e sentir uma necessidade de correção, já pode ser uma candidata à intervenção. Também existem situações em que se nasce com alguma condição e há o desejo de suavizá-la, o que, dependendo do caso, costuma ser feito em maiores de 18 anos”, lembra a cirurgiã dentista Patrícia Almeida, especialista harmonização orofacial e em reabilitação oral e estética, idealizadora da Odontologia Almeida e integrante da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD).

11 – O ultrassom microfocado não é voltado especificamente para a harmonização orofacial, porém, tem sido usado nessa prática; qual a explicação para isso?

“As ondas de ultrassom focadas emitidas pelo equipamento penetram nas camadas profundas da pele, estimulando a produção de colágeno e promovendo o rejuvenescimento facial. Com isso, a tecnologia pode ser utilizada para melhorar a flacidez da pele facial, promover o lifting não cirúrgico, suavizar rugas e linhas finas, e melhorar a textura da pele”, esclarece Taisa Malaman.

12 – A criolipólise também pode fazer parte do plano de harmonização orofacial?

“Com certeza! Afinal, estamos falando de um procedimento que utiliza o resfriamento controlado para eliminar células de gordura indesejadas em áreas específicas”, afirma Taisa Malaman. Ela completa: “Embora a criolipólise não seja diretamente aplicável à harmonização orofacial, ela pode ser usada para reduzir a gordura em áreas como papada ou bochechas, auxiliando indiretamente na definição do contorno facial”.

13 – A radiofrequência é outra tecnologia que tem feito parte da rotina de cirurgiões dentistas que realizam harmonização orofacial?

Sim, isso porque o aparelho utiliza energia eletromagnética para aquecer as camadas mais profundas da pele, estimulando a produção de colágeno e melhorando a firmeza e a elasticidade da pele. Na prática, o método pode ser adotado para tratar a flacidez de pele, suavizar rugas e linhas finas, melhorar a textura da pele e promover um contorno facial mais definido.

14 – Na busca pela harmonização orofacial, pequenas cirurgias também podem ser realizadas?

Sim, entre elas a bichectomia. “O objetivo dessa intervenção é remover parte das chamadas bolas de Bichat, que são bolsas de gordura bucais localizadas nas bochechas. Os benefícios dessa pequena cirurgia incluem melhora da definição do contorno facial, redução do volume das bochechas, realce das maçãs do rosto e harmonia facial”, lista a cirurgiã dentista Taisa Malaman.

15 – A papada também faz parte do ‘pacote’ da harmonização orofacial?

“Na HOF também é possível aplicar procedimentos de redução de papada, por exemplo, porque esse acúmulo de gordura e flacidez debaixo do queixo influenciam bastante no resultado final do perfil e no equilíbrio do visual”, diz Taisa Malaman. Para tanto, podem ser usadas a criolipólise, o ultrassom microfocado, a aplicação de esvaziadores de gordura e até lipo de papada.

16 – O nariz pode ser incluído na harmonização orofacial?

A cirurgia de rinoplastia não está liberada pelo Conselho Federal de Odontologia.

17 – Quanto tempo dura, em média, o resultado da harmonização orofacial?

“A durabilidade do efeito depende das substâncias que foram escolhidas para fazer a harmonização facial. O ácido hialurônico, por exemplo, dura entre 12 e 18 meses, enquanto a ação da toxina botulínica se mantém por cerca de quatro a seis meses e a dos bioestimuladores de colágeno até 24 meses. O retoque normalmente ocorre uma vez por ano, então, o paciente passa por uma reavaliação para entender a necessidade do caso dele”, conta a cirurgiã dentista Patrícia Almeida.

18 – Os procedimentos usados na harmonização orofacial são seguros?

“As principais substâncias usadas na HOF são os preenchedores de ácido hialurônico, os bioestimuladores de colágeno, a hidroxiapatita de cálcio, o ácido polilático, a policaprolactona, os fios de PDO e a toxina botulínica. Eles são extremamente seguros, mas após o uso é comum gerarem algum hematoma, inchaço ou alguma outra alteração nesse sentido que geralmente desaparece em algumas horas”, afirma a especialista Patrícia Almeida.

19 – Claro que o objetivo da HOF é o paciente ficar contente com a própria aparência, mais seguro e com a autoestima elevada. Porém, caso o resultado não agrade, há a possibilidade de fazer a reversão?

“Como se trata de um procedimento com duração limitada, se, por acaso, o paciente não gostar do resultado basta não refazer as aplicações. Além disso, quando o tratamento é preventivo, a pessoa consegue amenizar ou suavizar linhas de expressão, proporcionando jovialidade e melhora da qualidade da pele de maneira bastante natural, ou seja, sem grandes transformações e grandes chances de trazer satisfação”, diz a cirurgiã dentista Patrícia Almeida.

20 – Por que o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) interveio judicialmente para a suspensão de um curso de blefaroplastia realizado por e para cirurgiões dentistas?

Segundo o CROSP, o curso vai contra a orientação dada pela resolução CFO 230/2020, que, entre outras orientações, deixa claro que ao cirurgião dentista é vedada a realização de procedimentos cirúrgicos na face, sendo um deles a blefaroplastia. Essa decisão foi proferida em fevereiro deste ano.

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