Alterações nos fibroblastos relacionadas à idade em homens causam melanoma agressivo, diz estudo

O melanoma é um câncer de pele agressivo, mas ele é muito mais hostil em homens do que em mulheres. E um estudo recente publicado na revista Cell mostrou que, nos homens, alterações relacionadas à idade podem ocorrer nos fibroblastos, células fabricantes de colágeno. Essas células criam a estrutura da pele, mas, segundo o estudo, com o envelhecimento elas contribuem de forma indireta para o desenvolvimento de melanoma agressivo e resistente ao tratamento em homens – ressaltando que o risco de desenvolver melanoma (câncer de pele potencialmente mortal) aumenta com a idade para todos os gêneros.

Os pesquisadores mostraram que mudanças relacionadas à idade nas células normais ao redor das células tumorais, o chamado microambiente tumoral, contribuem para os resultados do câncer. Os fibroblastos produzem colágeno, uma proteína que dá estrutura e força à pele. Em pesquisas anteriores, os pesquisadores mostraram que mudanças relacionadas à idade nos fibroblastos promovem a disseminação de células tumorais de melanoma e levam a resultados piores. Agora, eles confirmam que os fibroblastos envelhecem de forma diferente em homens e mulheres, e as mudanças relacionadas à idade, que ocorrem nos fibroblastos masculinos, contribuem para melanomas mais agressivos e difíceis de tratar.

Quando os pesquisadores transplantaram células tumorais de melanoma em camundongos fêmeas ou machos idosos, eles encontraram mais danos ao DNA acumulados em células transplantadas nos machos. Porém, não é a célula tumoral masculina ou feminina em si, mas as alterações relacionadas à idade nos fibroblastos masculinos que compõem o microambiente tumoral são as responsáveis pelas diferenças no dano ao DNA.

Em experimentos comparando fibroblastos humanos masculinos e femininos envelhecidos, eles descobriram que os fibroblastos masculinos acumularam espécies reativas de oxigênio que estressam e danificam as células. As espécies reativas de oxigênio são conhecidas como ROS (Reactive Oxygen Species) e podem estar relacionadas com o desenvolvimento do melanoma, pois estudos mostram que elas são essenciais para a sobrevivência e proliferação do tumor.

 Além disso, os autores também descobriram que os fibroblastos masculinos envelhecidos produzem níveis mais altos de proteína morfogênica óssea 2 (BMP2), uma proteína geralmente envolvida no desenvolvimento de ossos e cartilagens. A produção aumentada dessa proteína faz com que as células de melanoma se tornem mais invasivas e resistentes às terapias anticâncer direcionadas, de acordo com o estudo. Assim, precisamos entender que se homens e mulheres respondem de forma diferente às terapias, é necessário adaptá-las às diferenças relacionadas ao sexo e à idade do paciente.

Os próximos passos incluem estudar como as mudanças relacionadas à idade e ao sexo nas células do sistema imunológico, que cercam as células do melanoma, se comportam e o quão bem os tumores respondem às terapias de reforço de células imunológicas, cada vez mais usadas para tratar o melanoma.

Ao suspeitar de alguma mancha ou lesão na pele, é primordial procurar um dermatologista ou orientar o cliente, que está realizando algum atendimento estético, como limpeza de pele, por exemplo, a fazer o mesmo.

O melanoma é o câncer de pele com o pior prognóstico e, nos tipos mais malignos, por vezes nós, médicos, precisamos ir além da excisão da lesão, realizando o mapeamento para averiguar se não há lesões em outros órgãos e recomendar o tratamento mais adequado ao caso.Dra. Mônica Aribi @clinicamonicaaribi é dermatologista, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e International Fellow da Academia Americana de Dermatologia. A médica é Mestra em Ciências da Saúde pelo IAMSPE e Membro Internacional da European Academy of Dermatology and Venerology. Precursora em Tecnologias Dermatológicas, também é palestrante nacional e internacional em vários congressos da área.

Dra. Mônica Aribi (@dramonicaaribi) é dermatologista, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e International Fellow da Academia Americana de Dermatologia. Mestra em Ciências da Saúde pelo IAMSPE, membro Internacional da European Academy of Dermatology and Venerology e Coordenadora do Setor de Cosmiatria do Hospital Ipiranga. Precursora em Tecnologias Dermatológicas, Speaker da Medithread para colocação de fios de PDO corporais, também é palestrante nacional e internacional em vários congressos da área de Dermatologia e especialidades afins.

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