A nova ‘caneta brasileira’ para tratar obesidade

O Brasil está testemunhando um marco no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2, com a chegada às farmácias das canetas Olire e Lirux, primeiros análogos de GLP-1 totalmente desenvolvidos e fabricados no país, pela farmacêutica EMS. Com preço até 20% mais acessível que o das marcas importadas, os medicamentos chegam ao mercado como alternativas eficazes, seguras e com chancela da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Mas o que isso representa na prática? Em minha opinião, trata-se de um divisor de águas, pois a chegada de um análogo de GLP-1 fabricado no Brasil representa mais do que economia. Representa autonomia científica, expansão do acesso e continuidade terapêutica para milhares de pacientes que hoje precisam interromper o tratamento por questões financeiras.

O que é a liraglutida e sua ação

A liraglutida é uma molécula sintética semelhante ao hormônio GLP-1, naturalmente produzido pelo intestino. Sua função principal é estimular a saciedade, retardar o esvaziamento gástrico e regular os níveis de glicose no sangue. Ela age diretamente no centro da fome no cérebro, reduzindo o apetite de forma controlada e fisiológica, sem gerar compulsões de rebote quando usada corretamente.

A substância já é amplamente estudada e aprovada em diversos países. No Brasil, era disponibilizada apenas por laboratórios estrangeiros, o que limitava seu uso a uma parcela pequena da população devido ao custo elevado. Com o lançamento de Olire (para obesidade) e o Lirux (para diabetes tipo 2), essa barreira começa a cair.

Comparação com outros medicamentos do mercado

Atualmente, os principais análogos de GLP-1 utilizados para emagrecimento ou controle glicêmico são:

> Semaglutida (Ozempic/Wegovy): aplicação semanal, tem alta eficácia;

> Tirzepatida (Mounjaro): também de uso semanal, atua em dois receptores hormonais, é considerada a mais potente até agora;

> Liraglutida (Olire/Lirux): exige aplicação diária, mas tem ótimo perfil de tolerabilidade e segurança.

Embora a liraglutida exija uso diário, ela é uma excelente opção, especialmente quando pensamos em individualização do tratamento. Em muitos casos, é preferível começar por ela, observar a resposta do organismo e depois ajustar. E agora, com a produção nacional, isso se torna mais viável.

Por que a obesidade precisa de tratamento sério e urgente

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, mais da metade da população brasileira já está acima do peso, e os índices de obesidade seguem crescendo.

A preocupação da classe médica aumenta diante deste quadro, haja vista que não estamos falando apenas de estética. A obesidade é uma doença inflamatória, silenciosa e progressiva, que aumenta o risco de mais de 200 outras condições clínicas, como diabetes, hipertensão, infertilidade, apneia do sono, Alzheimer, câncer e até depressão.

A grande vantagem dos análogos de GLP-1 é que eles tratam a raiz do problema, a desregulação neuroendócrina do apetite, que impede o paciente de manter o peso em longo prazo mesmo com adoção de dieta nutricional e exercícios físicos.

Os análogos de GLP-1, como o Olire, são indicados para:

> Pacientes com IMC acima de 30 (obesidade grau 1);
> Pacientes com IMC entre 27 e 29,9 que apresentam comorbidades (como hipertensão, diabetes, dislipidemia)
> Pessoas que já tentaram emagrecer com dieta e exercício e não tiveram resultado satisfatório.

Por outro lado, não são indicados para:
> Pessoas com histórico de pancreatite;
> Portadores de câncer medular de tireoide ou Síndrome de MEN 2;
> Gestantes ou lactantes;
> Crianças e adolescentes sem indicação médica específica.

É importante ressaltar que não se trata de uma fórmula mágica, mas sim de um recurso terapêutico poderoso que precisa ser usado com responsabilidade, com acompanhamento médico e inserido em um plano de saúde individualizado.

O futuro: medicamentos modernos com acesso real

Além do impacto no acesso, o Olire abre caminhos para o desenvolvimento de novos medicamentos nacionais. A EMS já anunciou que pretende lançar, em 2026, uma versão nacional da semaglutida (substância mais potente que a liraglutida), assim que a patente expirar. Estamos diante de uma transformação na forma como tratamos a obesidade no Brasil. Com mais acesso, mais ciência e mais responsabilidade, conseguimos não só promover o emagrecimento, mas transformar a saúde de verdade. Com orientação médica correta, acompanhamento contínuo e protocolos personalizados, é possível sim emagrecer com saúde, eficiência e qualidade de vida.

Dr. Ronan Araujo @dr.ronanaraujo (CRM – 197142) é formado em Medicina pela Universidade Cidade de São Paulo e tem especialização em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Com foco em causar impacto e mudar a vida das pessoas através de sua profissão, ele também se tornou membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO). Um dos seus lemas, “Não é apenas sobre emagrecimento, é sobre transformar vidas”, revela seu modo de atuação, com atendimento único, acolhedor e resultados rápidos na parte da estética e da saúde.

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