Como diferentes gerações moldam expectativas em clínicas e consultórios

A relação entre médico e paciente tem evoluído ao longo do tempo, impulsionada pelas mudanças culturais, tecnológicas e comportamentais de cada geração. No consultório, essas diferenças podem impactar diretamente a maneira como os profissionais de saúde comunicam-se, conduzem diagnósticos e realizam tratamentos. Adaptar-se a essas demandas não é apenas uma questão de técnica, mas de criar um atendimento que atenda tanto às necessidades emocionais quanto práticas de cada paciente.

A Geração X, composta por pessoas nascidas entre 1965 e 1980, cresceu valorizando a estabilidade e o planejamento. Quando procuram tratamentos estéticos ou reparadores, esses pacientes desejam explicações detalhadas, análises criteriosas e uma abordagem baseada em confiança. Essa geração normalmente gosta de entender cada etapa e sente-se confortável com médicos que demonstram experiência e apresentam soluções tradicionais.

Por outro lado, a Geração Y, os Millennials, nascidos entre 1981 e 1996, têm um perfil mais dinâmico. Acostumados às respostas rápidas e ao acesso instantâneo à informação, esses pacientes frequentemente chegam ao consultório, já munidos de pesquisas feitas na internet.

De acordo com um estudo da American Society for Aesthetic Plastic Surgery (ASAPS), 68% dos Millennials consideram a rapidez de recuperação um dos fatores mais importantes ao escolher um procedimento estético. Eles valorizam soluções ágeis, explicações objetivas e tecnologias que possibilitem visualizar resultados antes mesmo do início do tratamento.

Mudanças no cenário: da “Era da Urgência” à “Era da Experiência”

Além das diferenças geracionais, o comportamento do paciente moderno é impactado por duas grandes tendências: a “Era da Urgência” e a “Era da Experiência”. Na “Era da Urgência”, a busca por resultados rápidos e minimamente invasivos tornou-se predominante. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, houve, inclusive, um aumento de 45% na procura por procedimentos menos invasivos, como minilifting e resurfacing a laser, nos últimos três anos.

Já a “Era da Experiência” reflete a crescente preocupação dos pacientes com o conforto e a ausência de dor durante os tratamentos. Um relatório da consultoria McKinsey aponta que 72% dos pacientes consideram a experiência no consultório tão importante quanto os resultados obtidos. Isso inclui desde a ambientação e o atendimento até a recuperação pós-operatória. Neste caso, não basta oferecer resultados estéticos. O paciente deseja ser acolhido, ter suas dúvidas sanadas e viver uma experiência agradável do início ao fim.

Para conquistar a confiança e satisfazer as expectativas de cada geração, acredito ser fundamental ajustar a abordagem no consultório. Pacientes da Geração X, por exemplo, valorizam consultas mais longas e detalhadas; enquanto Millennials preferem ferramentas digitais, como simulações e informações enviadas diretamente para seus dispositivos eletrônicos.

É fundamental reforçar a personalização no atendimento, pois cada paciente é único e isso exige uma análise cuidadosa para alinhar expectativas. Com a Geração X, investir em uma conversa mais profunda gera confiança. Já com os Millennials, a chave está na agilidade e na tecnologia. Além disso, é importante ter em mente que a satisfação do paciente não está apenas nos resultados físicos, mas também na confiança e no bem-estar que os procedimentos proporcionam. Compreender essas nuances é essencial para oferecer um atendimento completo, que valorize tanto as expectativas quanto as experiências de cada paciente. Afinal, mais do que transformar aparências, o papel do especialista é criar conexões e oferecer um cuidado personalizado, que traga harmonia ao corpo e à mente.

Dr. Rogério Leal @drrogerioleal é um especialista reconhecido em Cirurgia Estética e Reparadora das Pálpebras. Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular e da Academia Brasileira de Cirurgia Plástica da Face, ele atua como Professor Assistente do Serviço de Cirurgia Plástica da Face na Clínica Septo / PUC – RJ e Professor Assistente voluntário da Plástica Ocular do Hospital das Clínicas da USP / SP. Além disso, é Diretor da Escola de Cirurgia OculoFacial em São Paulo, onde desempenha um papel de liderança na formação de novos profissionais. Cremesp 90116 / RQE 129973.

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