Que a beleza brasileira é referência no mundo todo, a maioria dos (as) profissionais já sabe. A (boa) novidade é que eventos internacionais têm se mostrado um celeiro de ideias, networking e possibilidades de trabalho e expansão de negócios. NEGÓCIO ESTÉTICA acompanhou dos deles, nos Estados Unidos, e conta agora um pouco da experiência
Igor Lustosa (@igorlustosa), correspondente internacional
Edição Caio Camargo (@camarcamargo)
A Estética brasileira nunca esteve tão em alta. Os profissionais são reconhecidos pela excelência dos serviços prestados no exterior. Esse círculo virtuoso foi iniciado nos Estados Unidos, nos anos 2000, quando um articulista do jornal New York Magazine se referiu ao médico Ivo Pitangui como “o rei da cirurgia plástica”. Em outro artigo, na revista alemã, Der Spiegel, Pitangui foi classificado como o “Michelangelo do bisturi”. De lá para cá, a técnica brasileira só foi ainda mais aperfeiçoada nas cirurgias plásticas, nos procedimentos estéticos e até em uma simples depilação. Quem aí não se lembra do sucesso da “Brazilian Wax” nos Estados Unidos? Pois essa técnica é difundida na maioria dos estados americanos e canadenses com inegável êxito.
Atualmente, os brasileiros promovem e participam de congressos no mundo inteiro para compartilhar os métodos inovadores que fazem sucesso na Estética. Esses profissionais elevaram a expertise para um patamar que jamais foi idealizado. Duas brasileiras decidiram inovar no ano passado ao criar o Congresso Internacional de Técnicas de Estética e Saúde – CITES. Andrea Oliveira, CEO da Touch Massage, na Flórida, e Marina Machado, CEO da Divando na Estética, reuniram dezenas de brasileiras em Orlando que conheceram os temas mais atuais do mercado, fizeram networking e trocaram experiências em um encontro que repercutiu bastante nos Estados Unidos.
A segunda edição dessa jornada ocorreu recentemente no elegante Avanti Palms Resort and Conference Center. A ideia foi capacitar ainda mais os participantes com as mais recentes técnicas brasileiras que são sucesso no mercado. Vieram profissionais renomados para dividir conhecimento: Daniel Zucchi, Flávia Medeiros, Rhayssa Ribeiro, Igor Lustosa e Ana Martha, entre outros. Além disso, as criadoras do CITES selaram novas parcerias com o Wonderful Beautiful Group, Hanna Business Management, Ibramed-Brasil e Faculdade CTA. O próximo congresso já tem data e local marcados: 15 e 16 de outubro de 2023, em Newark, New Jersey, Estados Unidos.
Quem foi, conta a experiência
“Na minha opinião, como profissional e tendo muita experiência com a Beleza, eu achei que o Congresso foi muito informativo e valeu muito a pena. Super recomendo pois os palestrantes escolhidos são muito preparados, tem um conteúdo significativo. Para mim um tópico importante foi o conhecimento transferido”
Tatiane Carter, do Rio de Janeiro, vive no Tenessee, esteticista, cosmetóloga, biomédica, e trabalha com corporal e facial
“O evento foi perfeito, gratificante. Estive no Cites do ano passado, mas esse superou as expectativas. Vários profissionais renomados estiveram aqui, dividindo conhecimento. Isso é muito importante para nós que vendemos sonhos”
Jucélia Lima, de Lakeland, Flórida, é de São Paulo, mas mora em solo americano aqui há bastante tempo. Tem um spa beauty center e é esteticista, massoterapeuta, medical assistent.
“Na verdade, vim a passeio e fiquei por aqui. Estou amando. Participei do Cites ano passado e a experiência foi decisiva para que eu me mudasse para cá. Esse ano estou novamente, aprendendo com esses palestrantes incríveis. E o encantamento só cresce”
Nícia Andrade, esteticista, cosmetóloga, maquiadora, mora em Orlando há dez meses.
“Aqui nos Estados Unidos, nós brasileiros somos considerados profissionais de excelência. Somos o número um na Estética. Tudo que você coloca o selo “Brazilian” atrai muita atenção dos consumidores. O americano sabe que o brasileiro além de tudo é muito detalhista, entrega muito mais do que vende. Uso todas as técnicas do Brasil, tento com isso conquistar ainda mais o público americano. Quando comecei, na minha clínica, 99 por cento dos clientes eram brasileiros. Hoje 55 por cento do meu público é formado por americanos. Nós trabalhamos muito aqui com a Ibramed: todos os aparelhos aprovados pelo FDA. Na minha clínica o que está fazendo muito sucesso é o chamado taping pós-operatório, pouco utilizado nos EUA. Aqui eles usam apenas para massagem esportiva. Eu vou até os médicos e mostro para eles como é eficaz o tratamento. O Congresso é um sucesso, trazer atualização para os brasileiros, que por uma questão de agenda, não podem ir até o Brasil para participar de congressos e palestras. Minha preocupação é que não caia a qualidade dos nossos serviços. Por isso, resolvi trazer profissionais de excelência para repassar técnicas, o que está sendo feito no Brasil. Aqui nos Estados Unidos as leis são muito rígidas e cumpridas à risca. Por exemplo, existem regiões do corpo que os massoterapeutas não podem tocar. Existem tratamentos que os massagistas não podem realizar. E existem técnicas que profissionais da Estética formados aqui não podem fazer em termos de massagem. Tudo isso é muito fiscalizado. As categorias são muito bem divididas entre Saúde e Estética. Massagista aqui é da Saúde. Quem infringe as regras paga multas altíssimas. E pode até ser preso. Por exemplo, no ano passado, uma palestrante ensinou uma técnica de harmonização do glúteo, que é feita no Brasil com uma cânula. Aqui apenas uma enfermeira especializada ou um médico podem prestar esse serviço. Esteticista, não. O jeito foi utilizar uma máquina pressurizada, não invasiva. Quero trazer técnicas do Brasil que possam ser utilizadas aqui e que não descumpram a legislação dos EUA. A novidade para o ano que vem é a participação dos americanos e latinos, com tradução simultânea. O projeto ganha uma importante expansão.
Andrea Oliveira é de São Paulo, mas vive nos Estados Unidos há 26 anos. Massoterapeuta formada nos EUA, tem duas clínicas: Orlando e Boca Raton e uma empresa que licencia seus produtos: creme para massagem by Andrea Oliveira. E mantém uma escola, a TOT Massage Center.
“Meus olhos se abriram para esse mercado pela primeira vez, em 2020, quando participei de uma feira em Nova Iorque. Lá havia stands que apresentavam técnicas estéticas brasileiras, praticadas por latinos, americanos, que vendiam gato por lebre. Com isso vi o potencial de divulgar realmente as técnicas do Brasil. O público americano é muito focado no facial, mas aquele facial de “fast food”, que é comprado na farmácia. Os profissionais não são preparados como nós. Por isso, os brasileiros se destacam. Resolvi trazer os profissionais e suas técnicas para difundir conhecimento. Alimentar o mercado com suas necessidades. Os destaques do Cites foram os tratamentos corporais. Principalmente a criolipólise. Antes aqui esse procedimento era muito mau visto. Quando os brasileiros passaram a utilizá-lo reverteram rapidamente as expectativas. Hoje é um tratamento de ponta. Outro destaque são as canetas pressurizadas que crescem bastante em razão das restrições das leis americanas”Marina Machado, CEO do Divando na Estética, escola de Negócios e Vendas, para Clínicas e Profissionais da Estética. Mora no Brasil, mas está sempre nos Estados Unidos.