Estética integrativa, já ouviu falar?

Essa corrente só faz crescer e segue chamando a atenção dos profissionais e também dos pacientes. Mas, o que se encaixa nessa proposta de beleza integrada, que tem como objetivo oferecer cuidados além da pele e da estética propriamente dita?

Shâmia Salem (@shamiasalem)

 

A beleza não é mais aquela. Focada e limitada à aparência externa, que os outros vêem. Mais do que estar belo por fora, o desejo (e necessidade) é de sentir-se bem por dentro, o que tem ligação direta com a saúde e o bem-estar. Para atender essa ‘nova’ demanda, a chamada estética integrativa propõe uma parceria do profissional da estética e seu paciente, que, nessa relação, deixa de ser um personagem passivo, que recebe passivamente o tratamento para uma doença ou desconforto inestético, para se tornar protagonista, participando ativamente do cuidado (autocuidado) e sendo seu próprio agente de saúde, beleza e bem-estar.

Para tanto, a proposta de tratamento também não é mais aquela, definida com um olhar exclusivo e pontual para a ruga, a flacidez, a gordura, a mancha… Ela é desenhada de maneira personalizada e muito particular para cada pessoa, com base em seu todo, o que inclui hábitos, estilo de vida e emocional. Daí a estética integrativa poder reunir profissionais de outras áreas e formações e trazer técnicas que extrapolam a própria estética. Isso ajuda a entender inclusive porque atualmente os congressos, em especial o Estética In São Paulo, abrem espaço para a interdisciplinaridade ao oferecer em um evento para profissionais da estética a troca de conhecimento com cirurgiões plásticos, dermatologistas, nutricionistas, ginecologistas, especialistas em medicina do estilo de vida, anatomia humana, acupuntura, aromaterapia clínica, física quântica, neurociência, medicina tradicional chinesa e muito, muito mais.

 

O paciente como protagonista

Em um vídeo de anos atrás, o farmacêutico especializado em estética, com MBA em cosmetologia e mestre em ciências da saúde Rafael Ferreira (@rafaelferreiradoutor) já chamava a atenção para a estética integrativa, segundo ele ‘aquela que consegue olhar além da disfunção inestética’. “O corpo fala através da pele. Se eu não conseguir entender as desordens fisiológicas do organismo, eu não vou conseguir entender as manifestações cutâneas e realmente de onde vem o problema que está acometendo numa acne, mancha, desordem de superfície. Isso porque a pele acaba sendo um órgão de excreção e que conversa com todos os demais sistemas do organismo”, esclareceu ele, que reforçou: “Quem trabalha com estética é um profissional da área da saúde, logo, deve promover saúde e gerar resultados a partir da organização fisiológica. Com base nisso, e na estética integrativa, acredito que em breve a internet vai ser tomada pelo termo ‘harmonização fisiológica’. Nele, vamos tentar eliminar as desordens para que possamos ter respostas positivas e ganhos progressivos e sustentáveis”.

Faz sentido, já que a estética integrada visa um atendimento mais amplo em relação ao corpo e coloca o paciente como foco do tratamento, não mais a sua doença, problema ou insatisfação em relação à aparência. Diante disso a proposta passa por associar métodos tradicionais com práticas comportamentais para promover a saúde geral que, consequentemente, afetará a pele e o visual.

 

Estética integrativa na prática

“A estética integrativa é quando você analisa seu paciente de dentro para fora. Afinal, é preciso que o organismo dele tenha as aptidões necessárias para responder de maneira satisfatória aos estímulos que vamos dar. Por exemplo, se ao aplicar um bioestimulador a pessoa não estiver com níveis adequados de ferro e vitamina C, ela não vai conseguir produzir um colágeno de qualidade. Em contrapartida, ao promover uma estética integrativa, o paciente vai perceber que dia a dia além de ficar mais bonito e ter mais resultados com os procedimentos estéticos, ele vai sentir uma melhor qualidade de vida, acordar com mais energia e disposição, se gostar mais”, afirma a biomédica esteta Alexandra Vicentini (@draalexandra.curvas), bacharel em estética, nutricionista, especialista em saúde integrativa e docência superior em estética e CEO das Clínicas Maison Curvas e Curvas Estética. Ela complementa: “Confesso que sou suspeita para falar, porque eu trouxe a estética integrativa para a minha vida particular há seis anos, e agora próxima de fazer 45 anos eu me gosto muito mais do que aos 30. Por isso é que hoje não abro mão de trabalhar aliando estética e saúde”.

Alexandra Vicentini conta um exemplo de como atua na prática com a estética integrativa: “Tenho uma paciente que a filha vai casar e ela quer eliminar 10 quilos e a gordura do abdômen. Ela não está treinando e os exames apontaram baixa de algumas vitaminas, então, desenhei o tratamento dela com suplementação, enzimas intramusculares com ativos para acelerar metabolismo e ajudar na perda de peso, procedimentos estéticos focados em gordura e contração supramáxima, para ajudar na função da academia que ela não está fazendo”, descreve ela, que arremata: “A estética integrativa tem o bônus de fazer os pacientes entenderem que eles precisam ser agentes de mudança, que o esteticista não faz milagre e que tudo na vida é questão de equilíbrio”.

 

 

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Dermatologia também pode ser integrativa

Enxergar o paciente além da doença fez com que a dermatologista Maria Eduarda Pires (@dramariaeduardapires) passasse a oferecer uma dermatologia com abordagem mais integrativa. “Em medicina temos focado cada vez mais em prevenção. E isso permite que a gente não se limite a atuar com base somente no contexto fisiológico e patológico, afinal a pessoa também tem todo um contexto social e emocional que devem ser levados em consideração ao elaborar um protocolo de tratamento, que também não pode se restringir à aplicação de produtos tópicos, de lasers, procedimentos injetáveis. O uso de probióticos, vitaminas, minerais, antioxidantes deve complementar o cuidado com a saúde e beleza da pele, que passa pela microbiota intestinal, pelo sistema endócrino, pela regulação hormonal, pelo sono e demais hábitos e qualidade de vida”, esclarece a médica, que é membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).

Assim como acontece na estética, a necessidade de oferecer essa ampla gama de cuidados exige que Maria Eduarda Pires frequente não só congressos e cursos voltados à sua especialidade. “Frequento aulas com endocrinologistas, ginecologistas, especialistas em medicina da dor e do sono… Através desse conhecimento adquirido consigo modular melhor as queixas dos meus pacientes usando uma abordagem mais holística. Claro que há limitações, por exemplo, ao identificar uma doença ou um déficit específico, o que pede um encaminhamento ao especialista”, conta ela, que destaca que a pele, como maior órgão do corpo, é um grande demonstrador de manifestação de outros órgãos. “E muitas das doenças são multifatoriais. Prova disso é que há alguns anos a gente tinha a acne da mulher adulta associada a cistos ou alterações hormonais. Já hoje há uma quantidade enorme de mulheres com esse tipo de acne e sem hormônios envolvidos, mas, sim, o estresse, o sono irregular, o tabagismo, a alimentação que privilegia o junk food e é pró-inflamatória. Isso mostra que não adianta passar uma medicação ou realizar um procedimento que ataque pontualmente a acne se eu não olhar para esse entorno que a pessoa está inserida. Isso exige uma mudança chave que as pessoas estão interessadas em fazer por estarem buscando cada vez mais naturalidade, prevenção e resultados sustentáveis, nos quais se inserem conceitos como o slow beauty, os cosméticos cruelty free e veganos, terapias como ayurveda, reike, cromoterapia, auriculoterapia, aromaterapia associadas às técnicas convencionais como toxina botulínica, preenchedores, bioestimuladores, lasers, peelings… Ou seja, uma abordagem global”. Depois de toda essa história fica claro que, assim como a dermatologia integrativa, a estética integrativa também exige doação de muito mais tempo de consulta com o paciente. Se financeiramente isso é viável? “Com certeza! Uma vez que você compreende quem é a pessoa, suas angústias e necessidades, você oferece melhoria geral, de beleza, sono, disposição, regulação intestinal, fazendo com que ela confie em você e fidelize”, afirma Maria Eduarda Pires.

 

FRASES

““A estética integrativa é quando você analisa seu paciente de dentro para fora. Afinal, é preciso que o organismo dele tenha as aptidões necessárias para responder de maneira satisfatória aos estímulos que vamos dar. Ao promover uma estética integrativa, o paciente vai perceber que dia a dia além de ficar mais bonito e ter mais resultados com os procedimentos estéticos, ele vai sentir uma melhor qualidade de vida”

Alexandra Vicentini

 

““Em medicina temos focado cada vez mais em prevenção. E isso permite que a gente não se limite a atuar com base somente no contexto fisiológico e patológico, afinal a pessoa também tem todo um contexto social e emocional que devem ser levados em consideração ao elaborar um protocolo de tratamento, que também não pode se restringir à aplicação de produtos tópicos, de lasers, procedimentos injetáveis”

Dra. Maria Eduarda Pires

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